FICA na rua: arte, cultura e poéticas de apropriação de espaço urbano


resumo resumo

Paulo Cezar Nunes Junior
Janir Coutinho Batista



cunho artístico/cultural relevantes, a saber: a valorização da cultura popular, procurando realçar o trabalho do artista local e promover o debate político em torno da arte; e o incentivo a formação artística e cultural de crianças, jovens e público em geral por meio de oficinas, vivências e espetáculos, com programação nas áreas de música, dança, teatro, artes visuais e performances.

Este movimento pôde ser materializado inicialmente pelo financiamento de um edital de extensão interministerial[1], intitulado: Lazer e Espaço Urbano em Itajubá: Diagnóstico e Proposta de Novos Usos (NUNES JUNIOR, 2012). Embora o projeto original vislumbrasse quatro etapas para o seu desenvolvimento, a dinâmica de concepção e montagem do festival acabou extrapolando o planejamento estabelecido inicialmente, ramificando-se por toda a universidade e também para dentro de outros coletivos artísticos-culturais da cidade. Desde os primeiros meses de trabalho, o projeto foi tomando dimensões que não havíamos imaginado, guiadas principalmente pelos processos colaborativos experimentados no decorrer da produção do festival. O envolvimento de diversos setores da sociedade (jovens, estudantes, produtores culturais, artistas, instituições sociais, etc) potencializou as ações e deu fôlego suficiente para que a expansão do festival fosse multiplicada dali em diante.

Passadas quatro edições do evento, notamos que o processo de apropriação do espaço público proporcionado a cada ano pela realização do FICA foi bastante significativo, causando mudanças de sentido no processo de habitar as ruas e espaços públicos da cidade. A cada edição, temos um público circulante médio de 13 mil pessoas, nas mais de 100 atividades oferecidas nas áreas de artes corporais, música, artes visuais e oficinas de formação; cerca de 500 artistas e profissionais ligados ao campo da arte e da cultura passam pela cidade anualmente.

Sem dúvida, importam os números e as repercussões quantitativas trazidas pelo evento, pela mídia, pelo aquecimento do comércio local. Porém, quando pensamos no objetivo primeiro que nos levou a criar a ideia do festival, importa sobretudo a dinâmica fomentada na concepção de uma nova forma de habitar a cidade, de sentir-se parte, de ver-se nas propostas, nos palcos, no trabalho do artista, na poética impossível que agora pode encontrar espaços de aproximação entre as subjetividades, na nova urbanidade que, conforme Lefebvre (2006) anunciava, pode advir da arte e da cultura.


 



[1] Edital PROEXT 2011 Programa Nacional de Extensão Universitária (PROEXT, 2011).