Discursividades, materialidades e entremeios: dizeres e sentidos das artes visuais em espaços arquitetônicos na cidade de Maringá


resumo resumo

Guilherme Radi Dias
Renata Marcelle Lara



no enunciado do sujeito E4. Esses recortes demonstram que, para os sujeitos, a existência do edital público funciona, de forma inconsciente, como surgimento de oportunidades para os artistas, mas, ao mesmo tempo, significa, segundo uma lógica político-administrativa, como forma de controle das ações do/no artístico, pela qual se permite que alguns sentidos signifiquem e que outros sejam silenciados.

Associado à questão discursiva do controle administrativo, faz-se presente como elemento do discurso político e urban(izad)o a questão das verbas, quando os entrevistados falam de posições-sujeito caracterizadas pela (relativa) dependência ao Poder Público: 

A3: A gente não tem fomento pra... Além de num ter espaço não tem investimento nisso... [...] boa vontade até que tem, né, mas, eh falta investimento.

 

E5: [...], a gente fica na dependência das verbas, né. Mas quando a gente tem mais dinheiro... nosso sonho é poder fazer, eh, se a gente tiver mais... se tivesse mais verbas pra fazer uns catálogos coloridos, tal, né. [...] nós temos um projeto aprovado pro ano que vem. Só que... num vou adiantar, porque vamos esperar pra ver se o, se os recursos vierem. Se os recursos vierem, aí então nós vamos construir essa sala, vamos equipá-la com vários, eh... vários, eh... totens, painéis eletrônicos, enfim.

 

Ao afirmar que “a gente fica na dependência das verbas”, e que há um projeto aprovado e espera pela vinda dos recursos, o sujeito E5 marca a relação de dependência ao Poder Público, que atua, num sentido discursivo, de forma regulatória, pois reafirma o Poder Público como única fonte possível para obtenção dos recursos. No enunciado de A3, também ocorre a associação do desenvolvimento das artes à questão financeira, conforme se observa na referência ao “fomento”, ao investimento público nas artes. A questão financeira se faz presente também no que enuncia o sujeito E3:

 

E3: A gente precisaria muito investir na produção de dioramas[4]… é, numa forma de expor mais adequada... mas isso implica em muito dinheiro. Dinheiro que a gente não consegue com a Universidade, não consegue com o Estado e não consegue com a União, né. Então, a gente trabalha dentro do possível. É logico que o espaço poderia se tornar extremamente otimizado, a maneira de expor mais adequada, tanto nas exposições permanentes como nos ambientes de exposições temporárias. Mas infelizmente essa não é a nossa realidade financeira. A gente esbarra nesse problema. O recurso para.

 

 

[4] Forma de exposição e apresentação em um modelo, reconstituindo cenas e paisagens, com finalidade didática ou lúdica.