Discursividades, materialidades e entremeios: dizeres e sentidos das artes visuais em espaços arquitetônicos na cidade de Maringá


resumo resumo

Guilherme Radi Dias
Renata Marcelle Lara



Quando E3 afirma que não se consegue dinheiro com nenhuma destas três instâncias, “Dinheiro que a gente não consegue com a Universidade, não consegue com o Estado e não consegue com a União”, enuncia de uma posição-sujeito que reconhece o espaço situado dentro de uma relação de dependência do Poder Público para que haja ações na área artística. Fica marcada, então, a relação que identifica o espaço enquanto ligado ao Poder Público. Ainda que não tenha condições adequadas de apresentar a arte no espaço, este está envolvido em uma forte relação em que assume o sentido de espaço institucionalizado, como podemos observar pelo seguinte recorte:

 

E2: [...] eu nunca pensei que fosse tão difícil, eh... trabalhar num setor que a gente pudesse desenvolver a questão da arte, mas fora do campus. Que enquanto eu trabalhei dentro do campus, a gente tinha uma facilidade. Até falar da rede de conhecimento do capital cultural que você faz dentro da sua própria instituição, você acaba conseguindo uma coisa aqui e outra ali, as pessoas te conhecem, são solidárias à causa,... Mas quando você tá fora do espaço, território da universidade oficial, a coisa complica, sabe.

 

Ao enunciar “quando você tá fora do espaço, território da universidade oficial”, o sujeito marca um sentido de dependência do espaço em relação ao poder público. Mesmo estando fora do território físico, o campus universitário está dentro do seu território administrativo.

Com relação aos aspectos situacionais, observa-se, discursivamente, a localização de espaços artísticos e culturais no centro da cidade também como uma regularidade nos enunciados, representando a ideia de que o centro da cidade é a região mais indicada para o espaço voltado à cultura. No discurso reproduzido pelos sujeitos, esse espaço, estando no centro, tornar-se-ia mais acessível à população de maneira geral, facilitando o acesso da população às atividades artísticas, conforme os enunciados:

 

A1: Acho que falta, na região central de Maringá, alguns espaços, algumas galerias, que pudessem, talvez, trazer esta,... essa questão da linguagem artística mais acessível a todos.

 

G5: [...] eu vejo assim, que essa coisa que tá muito focado pra levar ao centro, e as arestas, [...], as margens, elas ficam limitadas. [...] “Ah, mas tem que ter no centro.” Estrategicamente, é legal. Mas tem que pensar uma outra estratégia pra atender também as limitações, né, que são os bairros.

 

E2: [...] é um espaço que ele pode se transformar num espaço que atinja a toda a comunidade. [...], por mais que ele fique na Zona 2[5], ele não tá longe do centro, da zona central, né.

[5] Região localizada na parte central de Maringá, em que predominam construções residenciais.Â