Da relação sujeito, religião e estado: O discurso da liberdade e das letras na cidade


resumo resumo

Eliana de Almeida



SP, a partir de quem as gramáticas de Eduardo Carlos Pereira[12] Gramática Expositiva – Curso superior (1907), Gramática Expositiva – Curso elementar (1908), Gramática Histórica (1916) se tornaram referência no tocante ao uso da língua nacional.

Conforme Orlandi (2009), os modos da relação do sujeito católico e do sujeito protestante com a linguagem marcam-se diferentemente na história, apontando para diferentes instâncias da relação mesma com seus rituais. A tradução da bíblia empreendida por Lutero na Reforma, do latim para o alemão, coloca o sujeito protestante numa relação direta com o Texto Sagrado, não supondo a mediação da Igreja no trabalho de interpretação. Assim, as práticas cristãs protestantes sustentam-se numa relação imbricada do sujeito fiel com a instrução escolar, visto que conhecer as letras constitui a liberdade do pensamento à interpretação do Texto pela razão.

Essa diferença se mostra ainda nos respectivos rituais de batismo. Conforme trata Guimarães (1987), a oração do Credo no ritual do batismo católico produz a performatividade da crença e do engajamento do sujeito à comunidade cristã, quando afirma:

 

No momento em que alguém diz ‘creio’ em resposta a uma das perguntas no batismo, ou recita o Credo, representa-se um locutor que se apresenta como aquele que se responsabiliza pelo que aí se diz. Ao apresentar-se como responsável por este dizer, tal locutor realiza o ato de afirmar a sua crença. Ao fazer isso ele se responsabiliza pela afirmação que faz enquanto fonte de enunciação (enquanto L). E, ao se responsabilizar pela afirmação, se responsabiliza pela verdade da crença do locutor enquanto pessoa (enquanto lp). (GUIMARÃES, 1987, p. 85).

 

Essa performatividade de ingresso do sujeito à pertença recíproca cristã funciona no batismo presbiteriano, diferentemente, aliada ao comprometimento público dos pais pela instrução e conhecimento das letras aos filhos para fins de leitura do Texto Sagrado e crescimento pessoal, conforme ordenança fundamental presbiteriana, registrada em documentos, tais como o Manual Presbiteriano, o Manual Litúrgico e o Manual do Culto[13], como se segue:

 

§ 1º - No ato do batismo os pais assumirão a responsabilidade de dar aos filhos a instrução que puderem [...].  - Capítulo V – Batismo de Crianças – Art. 11, §1 – (Manual Presbiteriano, 1997, p. 114). Grifos nossos.

 

 



[12] Gramático, professor do Colégio D. Pedro II e pastor da Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo.

[13] Agradecimentos especiais pelo acesso a esses documentos através de Francisco Antônio de Almeida, à Biblioteca da Igreja Presbiteriana de Cuiabá - MT.