FICA na rua: arte, cultura e poéticas de apropriação de espaço urbano


resumo resumo

Paulo Cezar Nunes Junior
Janir Coutinho Batista



relacional, dispositivo - assim como tantos outros possíveis - da experiência do transindividual enunciada por Simondon (1958). Por meio dos fazeres artísticos, são potencializados encontros, diversidades, novas formas de observação e experimentação da densidade mencionada por Jacobs (2001) como fator que incrementa a urbanidade no espaço público.

Através de novas técnicas, de novas iminências poéticas (PÉREZ-ORAMAS, 2012) e de novas formas de apreensão da realidade - daí a importância da arte como instrumento de antecipação dos fatos, como campo de criação de novas estratégias para aquilo que está dado - poderemos desenhar um novo modo de relação com a cidade e despertar novas formas de habitar o espaço urbano. Parafraseando o texto da proposta curatorial da segunda edição do festival:

[...] o desconhecido é, portanto, aquilo que resiste. E essa indeterminação marca o tempo presente e nele se insere um leque de possibilidades, trajetórias, caminhos, dobras, repetições, um incessante devir que conduz a proposta desta e de inúmeras outras iniciativas que encerram o trabalho intuitivo de artistas e pensadores da cultura (NUNES JUNIOR, BATISTA; 2012).

 

Chegar ao desconhecido através do desregramento de todos os sentidos: eis o deslocar-se emblematizado no projeto poético de Rimbaud. E o que diferencia a percepção normal da percepção desregrada? A inclusão intencional do desconhecido. A percepção daquilo que mais do que não ser conhecido, revela-se como algo que não pode nem mesmo vir a ser.

Nesse sentido, cada campo de atuação artística do festival é permeado por esse anseio de deslocamento, seja nas instalações ou nas performances das artes visuais; nos palcos itinerantes da música; nas vivências experimentais das oficinas e de outras intervenções urbanas; na diversidade temática das companhias teatrais; nas poesias espalhadas em varais; ou nos passos e giros de uma apresentação de dança, cada escolha representa um novo deslocar-se; cada escolha carrega em si um germe para a vidência rimbaudiana (NUNES JUNIOR, BATISTA; 2012).

 

Referências bibliográficas

BATISTA, J. A angústia do adoecer – microfendas para o conhecimento de si e possibilidades de reconfigurações na vida. Dissertação de mestrado. Campinas: UNICAMP, 2013.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. Vol. 5 Trad. Ana Lúcia de Oliveira. Vol. 4. São Paulo: Editora 34, 1997.