Arquitetura das igrejas: gestos metafóricos e metonímicos que materializam desejos inconscientes


resumo resumo

Olimpia Maluf-Souza
Fernanda Surubi Fernandes



Segundo Lefebvre (1999), as lógicas sociais, que criam as arquiteturas das igrejas e tudo o que decorre delas, se marcam por diferentes camadas, entre as quais persistem e/ou se aprofundam fissuras, escapando entre elas o desejo do homem. Ou dito de outro modo, foi a necessidade humana de transcender à condição constitutiva de imanência que fez com que as igrejas tivessem simbolicamente essa arquitetura e não outra.

 

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Catedral de Cáceres-MT. Fonte: http://goo.gl/JDt2fC

 

Em Cáceres-MT, a Catedral de São Luís, uma réplica da Notre Dame de Paris, funciona como imagem especular dos desejos do inconsciente humano, pois a catedral é uma imagem que se reproduz e que se reverbera em todas as outras edificações, ou seja, construir igrejas diz mais dos modos do homem lidar com os medos da morte do que propriamente lidar com a espiritualidade. Assim, ter como base para construção da Catedral de Cáceres-MT a Igreja de Notre Dame, produz, por deslizamentos metafóricos, efeitos que se ligam à religião, à vida e à morte, à vida após a morte. Daí a suntuosidade, a grandiosidade. Mas, ao mesmo tempo que temos o movimento parafrástico, temos também o movimento polissêmico, pois há deslocamento e há permanência dos sentidos, ou seja, as razões de construção e de manutenção de uma e outra igreja são as mesmas e são diferentes. Dito de outro modo, há, entre todas as igrejas, particularidades, que dizem do sócio histórico e cultural de um povo, mas há também regularidades nos modos de procederem suas edificações, pois todas se colocam como metáforas dos desejos humanos de eternidade, de infinitude e de grandeza.