As ruas comerciais, o consumo e a vida social urbana: o universo dos ateliês da Rua Dias Ferreira


resumo resumo

Sílvia Borges Corrêa



Em dois dos prédios, o acesso aos ateliês é direto e são mantidos em suas fachadas letreiros com a relação dos ateliês. Vários ateliês mantêm as portas fechadas e é preciso tocar a campainha; outros mantêm a porta permanentemente aberta – nesses casos não é incomum fechá-las total ou parcialmente caso perceba-se que isso dará mais privacidade aos clientes durante o processo de compra. Essa prática de deixar as portas permanentemente fechadas ou de fechá-las quando se pretende dar mais privacidade ao cliente, pode ser analisada, por um lado, como uma ratificação da circulação propositalmente restrita nos espaços dos ateliês, indicando a exclusividade característica desses espaços e, de outro lado, como uma maneira de garantir um espaço de sociabilidade também mais restritiva, próxima e pessoal entre comerciante e consumidor. No terceiro prédio é diferente, não há nenhuma indicação de que ali se encontram estabelecimentos comerciais, sendo preciso utilizar o interfone para contatar os ateliês – estratégia que pressupõe que o consumidor saiba previamente o número da sala do ateliê que pretende acessar, parecendo haver certo segredo sobre o endereço desses ateliês[1].

 

044

Foto da autora. Ateliê em funcionamento, mas com a porta mantida fechada.

 



[1] Em nenhum dos ateliês foi permitida a fotografia dos espaços internos, de seus detalhes de decoração e de seus produtos. As negativas às solicitações feitas podem ser interpretadas como um reforço às ideia de exclusividade, aconchego e casa que comerciantes procuram imprimir aos ateliês.