Discursividades, materialidades e entremeios: dizeres e sentidos das artes visuais em espaços arquitetônicos na cidade de Maringá


resumo resumo

Guilherme Radi Dias
Renata Marcelle Lara



Depreende-se, então, que há o dizer que parte de um lugar regulatório, em que ocorre estabilização de sentidos por meio do discurso urbano. Diante disto, identificamos, pelos recortes, a ideia do espaço oficial significando nas falas dos sujeitos, reproduzida e repetida por estes de posições-sujeito nas quais apontam o Calil Haddad como espaço em que o artístico se diz, e que (se) significa o (pelo) artístico, mas que faz parte, em outro sentido, dos mecanismos regulatórios.

Observa-se, então, pelos seguintes recortes, o aparecimento recorrente do Teatro Calil Haddad em um campo estabilizado, em que se confere primazia ao espaço no tocante à divulgação das artes:

 

A1: Acho que o Calil é o grande espaço artístico, [...] de exposição que a gente tem, [...].

 

A2: [...] eu acho que aqui em Maringá, é mais o Calil mesmo, não tem outros lugares, pra fazer uma exposição adequada, né.

 

G2: [...] então esses espaços poderiam servir, que não com a magnitude do Calil, [...].

 

G5: Tirando o espaço nobre, que é o... o Heleton Borba Cortes[7], […]

 

G2: O Calil Haddad, [...] eles procuram ter, ter uma atividade bastante frequente, né. Não só em relação a, a... a artes plásticas, né, a artes visuais, mas literatura, teatro, dança, música e por ai afora.

 

Os sentidos de “grande espaço artístico”, “magnitude”, “espaço nobre”, mobilizam o discurso de um espaço artístico naturalizado, que permite que seja visto como principal espaço para as artes na cidade. Os dizeres enfatizam o Calil Haddad como local de destaque no cenário maringaense, por causa do sentido a ele atribuído, pela população da cidade, de compromisso com as artes de modo geral. O estatuto deste espaço enquanto ponto de convergência das atividades artísticas na cidade é confirmado nos dizeres dos sujeitos que enunciam de um lugar social determinado pelo político:

 

E4: É um espaço que não é imenso, mas é um espaço equipado, bem equipado. [...] os artistas de outros lugares do Paraná e, e os representantes dos museus de Curitiba, eles consideram o espaço muito bom.

 O sujeito E4 fala de uma posição-sujeito que se inscreve no administrativo, enfatizando e sublinhando a importância do espaço enquanto local para as artes, e a sua projeção enquanto tal para pessoas de fora.

 

[7] Espaço expositivo localizado no Teatro Calil Haddad, voltado à história da cidade de Maringá e à realização de exposições artísticas.