As ruas comerciais, o consumo e a vida social urbana: o universo dos ateliês da Rua Dias Ferreira


resumo resumo

Sílvia Borges Corrêa



Com relação às formas de divulgação utilizadas, parece valer o tradicional boca a boca. Embora quase todos os ateliês tenham sites na Internet e alguns produzam folders, categórica e unanimemente os comerciantes afirmam que a maneira mais utilizada e mais eficiente de divulgar seus espaços, seus produtos e atrair novos clientes é o boca a boca; é a indicação dos próprios clientes que realmente conta. Mesmo assim, ser citado em uma publicação de moda de destaque pode atrair novos clientes e divulgar a marca, e, por isso, é algo também valorizado.

Quanto às mercadorias que são comercializadas nos ateliês, o predomínio é de roupas e acessórios femininos, mas as joias também têm presença marcante entre esses estabelecimentos. Existe uma preocupação constante em comunicar e fazer com que os consumidores percebam que se trata de produtos exclusivos, personalizados, artesanais, que há poucas peças de cada modelo e que, por isso, dificilmente serão vistos sendo usados por outras pessoas; enfim, mais do que o tipo de mercadoria, aquilo que caracteriza e se destaca nos ateliês é o caráter de exclusividade da mercadoria. Em relação ao perfil dos consumidores que freqüentam os ateliês, suas proprietárias e gerentes descrevem as clientes como mulheres, predominantemente moradoras do Leblon e de outros bairros da Zona Sul, com um poder aquisitivo alto (classes alta e média-alta), entre 18 e 50 anos (dentro desta faixa etária pode haver variação de acordo com o ateliê), que “têm atitude e elegância” e, portanto, querem produtos exclusivos. Os ateliês são espaços que lançam moda e que, não sendo exatamente grifes de luxo, são representativos do estilo carioca de se vestir ou da moda carioca: uma moda “descolada” que traduz a “sofisticação carioca”. É neste sentido que estar na Rua Dias Ferreira é importante, uma vez que a rua traduziria essa atmosfera “descolada” e “cariocamente sofisticada”. O charme da rua é “emprestado” aos ateliês e é esta ideia que está presente entre suas proprietárias e gerentes que nas entrevistas revelam o prazer e também a importância da escolha do lugar para os negócios.