O dispositivo analítico permitiu identificar, ainda, nos recortes, a ocorrência de outra regularidade discursiva, referente à utilização de espaços não formais, em que os dizeres dos sujeitos apontam para espaços não formais como possibilidade para as artes visuais, sendo citados tanto espaços em locais públicos como em locais privados.
Observa-se, nos seguintes recortes, que além dos espaços inscritos na formalidade aparecem, também, nos enunciados, outros espaços, não formais, no que diz respeito a atividades relacionadas ao campo das Artes Visuais:
Há, também, o reconhecimento de que outros locais são utilizados fora dos espaços formais, e outros, não-formais, que não são utilizados, apesar de apresentar, segundo os sujeitos, possibilidades de uso para práticas artísticas e, discursivamente, lugares possíveis para que a arte signifique no real da cidade.
O Discurso Artístico, tentando significar, funciona na inscrição em outro discurso, que é o administrativo, de forma a lhe atribuir outra ordem, e acaba sendo validado ao se inscrever no urbano. Considerando as artes visuais como constitutivas do real da cidade, pode-se pensar no que Orlandi (2001) chama de falas des-organizadas, que irrompem no contexto da urbanidade. Tratam-se do que a autora denomina de modos de argumentação mais ou menos desorganizados ou, ainda, que “significam lugares onde sentidos faltam, incidência de novos processos de significação que perturbam ao mesmo tempo a ordem do discurso e a organização do social.” (ORLANDI, 2004. p.63). Essas falas desorganizadas, observa Orlandi (1998), se apresentam como pistas, vestígios, indícios, dos pontos em que a cidade poderia se dizer, em seu “real concreto”. Tais possibilidades do dizer podem ser pensadas no contexto das artes pela análise dos seguintes enunciados:
[8] Festa que acontece em Maringá todos os anos, em que empresas, entidades e autônomos vendem comidas típicas, comercializam peças de artesanato, pinturas em tela, entre outros produtos.