“No carnaval a fantasia é minha. O corpo é meu”: memória e rupturas feministas na folia


resumo resumo

Dantielli Assumpção Garcia
Lucília Maria Abrahão e Sousa



Figura 6: Movimento Mulheres em luta

https://www.facebook.com/media/set/?set=a.217817528408105.1073741829.217220611801130&type=1

 

O discurso dessa campanha busca romper com um funcionamento da sociedade atual em que o discurso machista, homofóbico, racista se faz fortemente presente. Ao usar “você”, podemos dizer que a campanha é direcionada a um sujeito qualquer (homem, mulher, homossexual). Não se especifica quem é esse sujeito, há uma indefinição. Esse sujeito, como colocado, é livre para ser quem quiser, isto é, enquanto fantasia, ele pode se vestir de qualquer coisa. Todavia, enquanto sujeito que vive em sociedade não pode ser machista, homofóbico e racista, ou seja, não pode se filiar a sentidos estabilizados de violência. O discurso da campanha constitui-se por meio da negação, buscando interditar certos rituais, certos comportamentos. Teríamos:

 

Você pode X, só não pode Y

Você pode X, só não pode Y

 

O y aponta para uma memória que funciona em nossa sociedade, a qual o movimento feminista busca romper, atualizar. O x abre para uma polissemia, para uma multiplicidade de sentidos a serem preenchidos pelo sujeito. O sujeito pode ser dançarino de flamenco, rei, espanhol, hippie, colombina etc. Salienta-se, assim, uma liberdade permitida pelo carnaval quando o assunto é fantasia, e aqui vale a polissemia do termo fantasia. O carnaval, como explicita a campanha, só não deve permitir a violência, seja ela contra a mulher, contra o negro ou contra o homossexual, ou seja, se