Da relação sujeito, religião e estado: O discurso da liberdade e das letras na cidade


resumo resumo

Eliana de Almeida



incompletude a condição da linguagem, logo, a condição do sujeito. Ainda, afirma a autora, a linguagem e o sujeito constituem-se e funcionam sob o modo do entremeio, da relação, da falta, do movimento”, cuja incompletude mostra para a falha no simbólico, enquanto lugar do possível.

Essa reprodutividade, excesso de dizeres sobre Iepê-SP, tomada na relação com o sujeito e os sentidos, funciona sob a impulsão de uma falta, dando indício à falta mesma de dizeres sobre a cidade que a definam e, portanto, que se registrem como sendo a história verdadeira e toda de sua fundação. Não nos ocuparemos dessa questão sobre a verdade dos fatos, senão com os modos pelos quais tais discursivizações sobre a querela entre católicos e protestantes e os efeitos de sentido que produz erigem simbolicamente a cidade, definindo-a no jogo dessa fronteira político-religiosa entre sujeito/religião/Estado, logo de uma fronteira discursiva, de sentidos, conforme vemos no material, no que tange à ocupação do espaço público.

Na Wikipédia, sobre a história de fundação de Iepê temos que:

 

O município surgiu em resposta à impossibilidade dos protestantes enterrarem /sic/ seus mortos e construírem uma escola para seus filhos no patrimônio de São Roque[1], onde moravam. Várias famílias então se mudaram para o novo povoado, em busca da liberdade religiosa almejada (Iepê, em tupi-guarani, significa Liberdade).[2]

 

Essa sequência discursiva situa a fundação da cidade de Iepê no entorno de uma querela entre concidadãos brasileiros, católicos e protestantes, marcada no direito (ou não) de acesso ao espaço/benefício público no pequeno povoado de São Roque, onde o cemitério tinha seus fins restringidos a cidadãos e filhos de cidadãos católicos e onde os protestantes[5] eram impedidos de construir escolas no povoado. Para os protestantes, essa questão se agrava, considerando o papel da instrução escolar como condição à fé presbiteriana, pela relação que se estabelece entre conhecer as letras e crer pela razão, como veremos adiante.

O título do documentário Iepê: há 90 anos uma Terra para Todos, produzido em (2013), em homenagem ao aniversário de 90 anos da cidade, mobiliza no slogan o

http://pt.wikipedia.org/wiki/Iep%C3%AA

Manteremos o uso do termo protestante definindo os fundadores de Iepê-SP, numa relação de diferença ao termo católico. À época, na década de 20 e 30 do século XX, não dispúnhamos da variedade designativa e identificadora de grupos cristãos, não católicos, como hoje. A representação no Brasil de grupos não católicos, como a Igreja Reformada Francesa (1557), Reformada Holandesa (1630), Igreja anglicana (1816), Igreja Luterana (1824), Igreja Presbiteriana (1859), configura-se pela diferença, na relação com o catolicismo, como o protestantismo.



[1] 

[5] Manteremos o uso do termo protestante definindo os fundadores de Iepê-SP, numa relação de diferença ao termo católico. À época, na década de 20 e 30 do século XX, não dispúnhamos da variedade designativa e identificadora de grupos cristãos, não católicos, como hoje. A representação no Brasil de grupos não católicos, como a Igreja Reformada Francesa (1557), Reformada Holandesa (1630), Igreja anglicana (1816), Igreja Luterana (1824), Igreja Presbiteriana (1859), configura-se pela diferença, na relação com o catolicismo, como o protestantismo.