Discursividades, materialidades e entremeios: dizeres e sentidos das artes visuais em espaços arquitetônicos na cidade de Maringá


resumo resumo

Guilherme Radi Dias
Renata Marcelle Lara



E1: [...] esse é um hall de entrada mesmo, [...]. Seria um espaço, assim, que a gente possa utilizar pra lançamento de livros, pra exposições, [...].

 

Segundo o sujeito E1, o espaço mencionado não tem um caráter de permanência. Mesmo afirmando, na fala, que o espaço contempla essa finalidade, este estaria significando, pela presença da arte, de maneira provisória, isto é, não tem unicamente um sentido de espaço artístico.

A Biblioteca Municipal Bento Munhoz da Rocha Netto, que antes do início da pesquisa funcionava em edifício construído para abrigar as funções da Biblioteca, foi transferida, durante o período de desenvolvimento da investigação, para outro local, dito provisório, e nesse novo espaço não observamos a inscrição de práticas artísticas. Assim, o que significou com maior força foram os sentidos do espaço institucional, de biblioteca, havendo, assim, uma interdição ao artístico.

No prédio antigo aconteciam exposições de arte em um espaço da Biblioteca. E hoje, no local atual, que é provisório, não existe uma abertura para exposições. No enunciado apresentado a seguir, observamos como o sujeito faz referência a este espaço e à sua função:

 

E4: [...] prédio interessante [...] diferente [...] tinha esse, [...] glamour de ter sido um prédio modelo, [...]. A literatura, ela... ela abre esse desejo por outras artes, né. [...], pelas artes visuais... isso é natural.

 

Toda a área interna é ocupada por estantes e mesas de estudo, restando espaço apenas para que as pessoas circulem pelo local. A Biblioteca anterior tinha o estatuto de biblioteca modelo – ratificado pela imprensa local, bem como pela gestão municipal da época –, pelas suas qualidades arquitetônicas, pela divulgação em torno da inauguração do edifício. Por questões administrativas, a Biblioteca é transferida para outro local. O artístico encontrava mais possibilidades de se dizer naquele espaço, o que não teve continuidade no novo local. Assim, os sentidos ligados à função de biblioteca, ou seja, ao institucional, acabam por predominar nesse espaço atual, ficando impossibilitada a inscrição do artístico. A menção da precedência da literatura, em relação à arte, também permite visibilizar a interpelação em face do discurso sobre o local.