Discursividades, materialidades e entremeios: dizeres e sentidos das artes visuais em espaços arquitetônicos na cidade de Maringá


resumo resumo

Guilherme Radi Dias
Renata Marcelle Lara



se a sede definitiva do Museu[11]. Segundo informações fornecidas pelos funcionários da instituição, a construção passou por um processo de revitalização no período de realização da pesquisa, e, por isso, os agendamentos do espaço foram suspensos. Os objetos que se encontram no local e a própria arquitetura significam o espaço em que se costuma realizar exposições. São demarcados os sentidos voltados ao histórico. Existe, portanto, um discurso ligado à história, e que fica evidenciado pelo seguinte enunciado:

 

E5: [...] esse é um museu-casa. [...] a partir desse ano, a gente vai, assim... privilegiar, eh... o espaço interno do museu, pra exposição de objetos e artefatos da própria casa. [...] eu num vi nenhum pintor, nenhum arquiteto, assim, explorar especificamente o espaço interno do museu, a partir da, da própria proposta do museu-casa.

 

Observamos que, mesmo havendo inscrição do artístico no espaço, este, por sua vez, se significa, predominantemente, pelos sentidos de um discurso ligado à história da ocupação do território norte-paranaense. Nesse espaço, vimos, novamente, a inscrição do artístico no institucional. O discurso do espaço (museu-casa) tem os seus sentidos atuando na materialidade constitutiva desse espaço (pelos objetos domésticos e decorativos, e pela própria arquitetura). Mesmo funcionando o sentido do artístico, há o sentido do institucional significando de forma a se sobrepor. O histórico, no institucional, dá abertura para que o artístico se inscreva.

No Museu Dinâmico Interdisciplinar, o artístico se inscreve relacionado com a proposta de interdisciplinaridade do local. Mas, pelos enunciados, observamos a existência de um discurso ligado ao saber científico. Lá, há espaços que são usados para exposições de arte, e o discurso sobre o local se pauta pela interdisciplinaridade, referente ao diálogo entre diversas áreas de conhecimento. Pelo enunciado, notamos como significam os sentidos ligados ao saber científico:

 

E3: O M. M.[12], por exemplo, uma vez fez uma mostra chamada ‘Em extinção’, [...] a gente pretende, no futuro, fazer uma exposição sobre a depressão.

 

A referência a temáticas ligadas às áreas da Biologia (extinção) e da Saúde (depressão), ao se falar de obras e exposições, marca uma posição-sujeito de quem fala determinado pela ideologia desse espaço, em que predomina a questão da difusão do saber científico sobre a expressão artística.

 

[11] Informações obtidas nos arquivos cedidos pelo Museu da Bacia do Paraná.

[12] O sujeito citado na entrevista foi aqui identificado por sigla a fim de preservar a identidade do mesmo.Â