Discursividades, materialidades e entremeios: dizeres e sentidos das artes visuais em espaços arquitetônicos na cidade de Maringá


resumo resumo

Guilherme Radi Dias
Renata Marcelle Lara



O discurso regulatório prescreve os espaços em que a arte se diz; mas a arte, de alguma forma, procura romper com ele. Ela precisa se significar, e no processo acaba por significar também. Nessa prescrição, há sempre uma arte que fica “de fora”. A arte que é “fora do lugar”[14] é silenciada, por não poder fazer parte desse reconhecimento pelo Poder Público que determina as formas de arte que se fazem visíveis.

O Poder Público prescreve os espaços do dizer da arte, lançando programações, selecionando propostas, patrocinando grupos de artistas exclusivos, reduzidos, enquanto outros ficam “à margem”. A relação da produção artística com o público acaba também sendo regulada pelo discurso do urbano.

Esse espaço que a arte ocupa hoje vive em tensão – artístico x administrativo. Isso se evidencia no uso do espaço, que, da perspectiva dos sujeitos, é precário e, ao mesmo tempo, de acesso limitado. Da perspectiva do discurso urbano, a arte precisa se justificar de alguma maneira para que possa existir, para poder se dizer, demonstrar o seu propósito para conseguir se legitimar. E um propósito, talvez, conveniente ao Poder Público. Assim, o artístico (se) significa na materialidade citadina, mas não des-organiza o espaço que significa no discurso (do) urbano.

O Discurso Artístico funciona pela tentativa, da arte, de ruptura, no discurso do urbano, em que busca constantemente se dizer. Mas, mesmo no artístico, as marcas do administrativo ainda se mantêm. Há traços de polissemia, própria do DA, nas formas como a arte se inscreve nos espaços.

Durante o percurso investigativo, não observamos, nesses espaços, nenhuma proposta dos artistas que permitissem visualizar questões críticas e reflexivas relativas ao espaço da arte em Maringá. Dessa maneira, sob uma perspectiva discursiva, os gestos de interpretação dos artistas não contemplam conceitos que possibilitem efetivar uma requalificação dos espaços no tocante às necessidades específicas das artes visuais.

 

Considerações em aberto

Consideramos, com base em nosso percurso e nas interpretações da análise, que acontecem, no discurso urbano, processos de legitimação da arte inscrita nos espaços, e que estes, pela inscrição das artes visuais, se caracterizam pela possibilidade de ressignificação. Discursivamente, vimos a arte inscrita em um jogo de legitimação,

14 A expressão que utilizamos se refere a uma produção que não ganha visibilidade no espaço artístico naturalizado, nem contemplada com a aprovação do Poder Público, e que permanece alijada das possibilidades de se valer do apoio das esferas públicas.

[14] A expressão que utilizamos se refere a uma produção que não ganha visibilidade no espaço artístico naturalizado, nem contemplada com a aprovação do Poder Público, e que permanece alijada das possibilidades de se valer do apoio das esferas públicas.