A AD se constitui, de acordo com Pêcheux e Fuchs ([1975] 1997), numa articulação de três regiões, a Linguística – “como teoria dos mecanismos sintáticos e dos processos de enunciação ao mesmo tempo” (PÊCHEUX & FUCHS, 1997, 163); o materialismo histórico – “como teoria das formações sociais e de suas transformações, compreendida aí a teoria das ideologias” (loc. cit.); e a “teoria do discurso, como teoria da determinação histórica dos processos semânticos” (op.Cit.,164). Estas regiões são atravessadas e articuladas por uma “teoria da subjetividade” proveniente da psicanálise.
A AD leva em conta a exterioridade do texto, ou seja as Condições Produção que lhe possibilitam produzir sentido. A análise ultrapassa o estudo puramente linguístico. O discurso, objeto da AD, é a um só tempo integralmente linguístico e integralmente histórico. Trata-se de um espaço teórico no qual se pode depreender a relação entre a língua, enquanto sistema de signos, e a ideologia, enquanto determinação histórica do sentido.
...esses lugares estão representados nos processos discursivos em que estão colocados em jogo. Entretanto, seria ingênuo supor que o lugar como feixe de traços objetivos funciona como tal no interior do processo discursivo; ele se encontra aí representado, isto é, presente, mas transformado; em outros termos, o que funciona nos processos discursivos é uma série de formações imaginárias que designam o lugar que A e B se atribuem cada um a si e ao outro, a imagem que eles se fazem de seu próprio lugar e do lugar do outro. (…) O que podemos dizer é apenas que todo processo discursivo supõe a existência dessas formações imaginárias. (PÊCHEUX, [1969], 1997)