As ruas comerciais, o consumo e a vida social urbana: o universo dos ateliês da Rua Dias Ferreira


resumo resumo

Sílvia Borges Corrêa



tivesse se transformado em uma referência de comercialização de bens e/ou serviços para a cidade do Rio de Janeiro.

Quanto ao tipo de pesquisa, tratou-se de uma pesquisa exploratória de cunho antropológico, tendo como ponto de partida o referencial teórico da Antropologia do Consumo e sendo conduzida a partir do método de pesquisa etnográfico. Tradicional método de pesquisa antropológica, o método etnográfico não busca regras gerais ou leis universais, mas sim descrever e interpretar os fenômenos sociais e compreender as lógicas, os valores e os significados presentes numa coletividade a partir do “ponto de vista nativo”. Os estudos de cunho etnográfico, portanto, são orientados por um tipo de conhecimento científico que é gerado a partir do ponto de vista do outro, permitindo uma pesquisa por dentro da realidade de um grupo, escapando do viés etnocêntrico através de um olhar relativizador. A centralidade do saber e do fazer antropológico está, para Peirano (1991), na tensão criativa entre teoria e pesquisa; tensão permanente entre o saber acumulado na disciplina e as “categorias nativas” apresentadas pelos integrantes dos grupos sociais pesquisados. O método etnográfico preconiza a realização de um trabalho de campo no qual são utilizadas duas técnicas que se complementam na construção da “descrição densa” de um grupo, evento ou fenômeno social: a observação participante e as entrevistas em profundidade.

O referencial teórico da pesquisa se insere na área do conhecimento denominada Antropologia do Consumo, cujo enfoque procura acentuar a dimensão cultural que atravessa as práticas de consumo. Nesse sentido, o consumo deve ser entendido como um processo sociocultural – que envolve, além do uso, a troca e a criação de bens e serviços. De acordo com a visão antropológica sobre o consumo, as respostas para a pergunta “por que consumimos?” são diversas: consumimos para mediar nossas relações sociais, para conferir status, para construir identidades, para estabelecer fronteiras entre grupos e pessoas (processos de inclusão e de exclusão social), para classificar, para expressar nossos desejos, nossas aspirações e nossos afetos. Enfim, trata-se de analisar o consumo de uma perspectiva que não reduza esse fenômeno social a uma dimensão meramente econômica ou utilitarista, mas que, ao contrário, ressalte os aspectos de linguagem coletiva, de comunicação e de classificação social presentes no consumo moderno (DOUGLAS & Isherwood, 2004; Sahlins, 1979).