Arquitetura das igrejas: gestos metafóricos e metonímicos que materializam desejos inconscientes


resumo resumo

Olimpia Maluf-Souza
Fernanda Surubi Fernandes



edificação de igrejas cada vez mais suntuosas pode ser explicada pelo desejo, posto em demanda, de melhor estar em contato com a morte.

Segundo Silva e Chaves (2008)[1], “[...] A compulsão de repetição nos indica, portanto, situações em que o princípio de prazer fracassa, pois pela perspectiva do organismo junto às dificuldades do mundo exterior, esse princípio se revela ineficaz desde o início ou até mesmo perigoso”. Contudo, a pulsão de morte, que daí resulta, não se trata apenas de destruição, visto que ela possui uma força criadora. Do mesmo modo, a agressividade que acompanha a pulsão de morte é renunciada, rechaçada, interiorizada e controlada pelas forças do super-eu.

Lacan (1988) concebe o gozo como uma forma de transgressão, pois o toma como estando ligado a um excesso, a um mais além, que se desencadeia como ruptura do equilíbrio, de maneira a produzir um incômodo. Assim, há no mais além um correlato ao desprazer, que se mantém no princípio do prazer, afastando o sujeito do seu gozo, que se constitui como sendo da ordem de uma impossibilidade, de uma inacessibilidade, sendo-lhe obscuro, opaco, inacessível, assim o gozo satisfaz a uma pulsão, que é sempre incompleta, e não a uma necessidade.

Nessa direção, o autor (idem) afirma que a pulsão, por ser sempre destrutiva, se situa para além da tendência ao retorno ao inanimado, constituindo-se como uma vontade de destruição direta. Então, a pulsão de morte, que se encontra no princípio de toda pulsão, é vontade de recomeçar com novos custos, vontade de Outra-coisa, o que coloca tudo em causa pela função do significante, não se reduzindo à complexidade da tendência energética, uma vez que comporta uma dimensão histórica, que sublinha o seu modo insistente de se mostrar. Desse modo o autor relaciona o conceito de real ao de pulsão de morte, pois, mais do que se pautar pelo caráter da destrutividade, a pulsão de morte “[...] comporta [...] a possibilidade do novo, da diferença, uma força de criação a partir do nada. É a pulsão de morte que marca a emergência da diferença do desejo, sempre em defasagem” (SILVA & CHAVES, 2011).

A pulsão de morte, que leva os homens a edificar as igrejas é, como qualquer pulsão, o que impele o sujeito para frente, para a vida, para uma outra vida, diferente da terrena, a vida eterna, ou seja, todo o investimento na morte é uma tentativa de manter a imortalidade, de manter a vida após a morte, quer seja na eternização das lembranças do

A pulsão de morte de Freud a Lacan: implicações éticas da Psicanálise. Disponível em http://wwww.fafich.ufmg.br/coloquioenriquez/tcompletos/265/PULSAO_DE_MORTE_FREUD LACA N.doc.pdf. Acesso em 15/08/2014.



[1] A pulsão de morte de Freud a Lacan: implicações éticas da Psicanálise. Disponível em http://wwww.fafich.ufmg.br/coloquioenriquez/tcompletos/265/PULSAO_DE_MORTE_FREUD LACA N.doc.pdf. Acesso em 15/08/2014.