A mulher, no discurso-outro, é aquela que está pedindo algo, é objeto sexual, é entretenimento para o homem, é corpo a ser assediado, ou seja, é aquela que durante a folia não tem condições de fazer valer a sua voz. Esses dizeres são trazidos como efeito de memória, visto que são dizeres que circulam em nossa sociedade e constituem sentidos ao/do feminino. A Marcha, por meio de um discurso da negação, atualiza essa memória, inscrevendo na língua que a mulher tem sim desejos, mas que nem a sociedade e nem o homem os controlam. Mais ainda, não se trata apenas de desejo, o que já seria muito diante do silenciamento da mulher em tantas cenas da vida privada, mas de direito ao desejo, ao corpo, ao prazer e à participação na folia. Busca-se explicitar que a mulher tem o poder sobre seu corpo, sobre seus desejos, seus atos, nestes termos, tem o desejo, o direito e o poder, o que a coloca em outra posição