Uma análise discursiva da veiculação das manifestações de junho de 2013 pela revista Veja


resumo resumo

Raquel Noronha




4) legenda da foto: “Protestar contra a corrupção e contra outras mazelas atuais levou o povo às ruas nas grandes cidades brasileiras” (VEJA 26 de junho de 2013, seção Carta ao Leitor) (grifos nossos)

 

Na veja de 26/06 é o povo (não mais os jovens) quem protesta e o discurso midiático poderia dizer contra o quê.

 

4') Protestar contra a corrupção e contra outras mazelas atuais levou o povo às ruas nas grandes cidades brasileiras

 

Podemos ver que a maneira de abordar as manifestações é distinta da que se vê desenhar pelo recorte que fizemos em 3.

 

3) Eles querem dizer alguma coisa

4) Sem medo do novo

 

No primeiro recorte há um esvaziamento dos protestos em si. Já no segundo, o discurso midiático aponta para um novo caminho político com o conclame do povo. É projetado um caráter de representação social às manifestações.

Na edição de 19/06, a imagem junto ao título da seção que lhe serve de legenda deslegitima, imaginariamente, as manifestações.  Com a foto do jovem com máscara de macaco, é projetada uma imagem animalesca, primitiva dos manifestantes. O discurso midiático constrói uma imagem de que os manifestantes seriam incapazes de dizer e, talvez, saber, o que querem. Deslegitima-se, por efeito, a posição social dos manifestantes: seriam jovens vaÌ‚ndalos que só querem protestar. É relacionada à imagem de “jovens” a pouca idade com a falta de sabedoria, reforçada pelo uso da força. Como no recorte a seguir:

5) Há uma grande chance de que boa parte da rapaziada que, na semana passada, foi às ruas esteja apenas dando vazão às pressões hormonais pelo exercício passageiro do socialismo revolucionário. Afinal, como disse o inglês Winston Churchill, “se você não é um liberal aos 20 anos não tem coração, e se não se torna um conservador aos 40 você não tem cérebro (VEJA 19 de junho de 2013, reportagem especial)