FICA na rua: arte, cultura e poéticas de apropriação de espaço urbano


resumo resumo

Paulo Cezar Nunes Junior
Janir Coutinho Batista



reconfigurar a própria norma de uso; é dar-se conta de que  existe uma margem permeável na qual é possível recriar outros horizontes (BATISTA, 2013, p. 57).

Logo, os modos de apropriação do espaço pelo sujeito guardam mecanismos de fuga, de subversão das regras e de promoção de uma nova realidade. Guattari também fala desta possibilidade quando diz que:


[...] às arquiteturas disciplinares e enquadradoras sobrepõe-se formas particulares de apropriação, vivências cotidianas específicas que acabam por produzir territorialidades novas e imprevistas [...] fazendo com que a formação do território revele seja cenário, instrumento e resultado da contínua luta de dominação e insubmissão. (GUATTARI, 1985, p. 109)

 

Trata-se de um tensionamento mantido de um lado pelo urbanismo, aquele conjunto de operações que individua o espaço da cidade moderna industrial, e de outro pela urbanidade, aquela diretamente relacionada à valorização do uso do espaço público. Segundo Jacobs (2001, p.121), a diversidade e a densidade características do urbano são potencialmente capazes de articular o sujeito ao espaço, numa relação rica e dotada de sentido aos cotidianos na cidade.

Em um sentido mais analítico, colocando em prática os deslocamentos e desvios pretendidos pelo FICA, ao pensar formas de ocupar e de inventar novos espaços estamos buscando criar linhas de fuga e traçar novos contornos que permitem ao sujeito experimentar sociabilidades e formas de interação que o afetam na esfera individual e coletiva.

 

Imagem 3: Show de música instrumental no “ Palco Rodoviária” com a Banda The Revivals.
Terminal Rodoviário de Itajubá, setembro de 2011. Fotografia: Andressa Batista.