Discursividades, materialidades e entremeios: dizeres e sentidos das artes visuais em espaços arquitetônicos na cidade de Maringá


resumo resumo

Guilherme Radi Dias
Renata Marcelle Lara



Durante o percurso analítico foram apontadas, como regularidades discursivas, a relação do público e/ou da sociedade com a arte, o controle político-administrativo, a localização de espaços artísticos e culturais no centro da cidade, a visibilidade da arte no espaço legitimado e a utilização de espaços não formais. Nesse percurso, as regularidades observadas mobilizam sentidos entre as diferentes materialidades significantes. Observamos, primeiramente, por meio das condições de produção que permeiam a construção de ideias comuns sobre a arte, que a valorização das artes no Brasil figura em caráter incipiente, em termos de imaginário, em franca associação à ideia de que aqui não se sabe valorizar a arte, de que um país como o nosso não tem o senso de valorização do artístico que a Europa possui, de maneira exemplar.

No que diz respeito a espaços formais destinados às artes visuais nesse contexto citadino, estes são vistos, por grande parte dos sujeitos entrevistados, como insuficientes, relativamente à demanda de artistas e produtores, para realizar exposições e outras propostas no campo das Artes Visuais, compelindo os mesmos a procurar por espaços de natureza diversa para exibir sua produção, ou seja, espaços que não têm por função principal atender às práticas artísticas visuais. Também pesam, sobre os dizeres dos grupos de sujeitos entrevistados, como condições de produção, a falta de incentivo público para a difusão das artes visuais.

Iniciando a descrição das regularidades pela questão da relação do público e/ou da sociedade com a arte, sobre a qual enunciam os sujeitos, observamos presente, nos seus dizeres, a ideia das artes como algo cuja valorização entre as pessoas não é comum. A arte como não representante de algo que mereça maior importância no cotidiano; nem mesmo sendo vista como uma necessidade na vida dos sujeitos, nas relações sociais. Além disso, o Brasil, comparado à Europa, é significado como um país que não preza pelo senso de valorização do artístico. Filiado a esse discurso, há o discurso referente ao contexto maringaense no campo das Artes Visuais. Esse discurso constitui-se de sentidos que relativizam o papel da arte na sociedade maringaense, associando-o a um contexto regional e até nacional.

Os recortes apresentados a seguir põem em circulação sentidos que reproduzem o conceito de arte como não prioritária no contexto social, e também não muito conhecida pela população, o que é demonstrado pelos movimentos parafrásticos do dispositivo analítico. Apontamos, nos dizeres dos sujeitos, como esses sentidos são determinados ideologicamente: