Arquitetura das igrejas: gestos metafóricos e metonímicos que materializam desejos inconscientes


resumo resumo

Olimpia Maluf-Souza
Fernanda Surubi Fernandes



Tomamos a arquitetura, diferentemente da autora, não pela possibilidade de criação de mundos virtuais, mas como projeção especular do homem, que necessita metaforizar seus desejos inconscientes em objetos metonímicos que lhe criam a ilusão de ligá-lo à perfeição, à pureza, ao espaço do santificado, à boa morte. É, pois, desse modo que compreendemos a edificação das igrejas, como espaços que fazem a junção entre o terrestre – o dos bancos onde os fiéis se sentam – e o celeste – as grandes colunas que se elevam aos “céus”, ou seja, à abóboda das igrejas, geralmente pintadas de modo a representarem o céu, local para onde os fieis dirigem seus olhares e são por ele capturados.

Não é por acaso que, de modo bem distinto da Igreja de Paulo[1], a arquitetura das igrejas tem se tornado cada vez mais suntuosas, com colunas magistrais que funcionam de modo a instalarem-se como que estando unidas ao espaço celeste, ou seja, como simulacros dos desejos humanos de libertação das agruras terrenas.

As colunas funcionam de modo a nos retirar da nossa pequenez de humanos, nos elevando a Deus e ao universo, produzindo o efeito de liame, de amparo, de encontro com Deus e com uma outra vida após a morte.

 

 



[1]A igreja de Paulo não era uma edificação, mas a congregação, a junção, a união dos homens de Deus, assim, não era necessário um espaço físico e uma arquitetura grandiosa para se ter uma igreja: “[...] Foi Paulo quem organizou as “assembleias do povo” cristão denominando-as “igrejas” (“ekklesías”)” (CASTILLO, 2013). Disponível em http://www.ihu.unisinos.br/noticias/521153-o-problema-da-autoridade-na-igreja-catolica-artigo-de-jose-maria-castillo. Acesso em 20/06/2013.