Discursividades, materialidades e entremeios: dizeres e sentidos das artes visuais em espaços arquitetônicos na cidade de Maringá


resumo resumo

Guilherme Radi Dias
Renata Marcelle Lara



G4: A arte tem sido tratada como... terceiro plano ou quinto plano. [...], a arte na Europa é valorizada. No Brasil num tem valor. [...] Tem valor quando vem um artista de fora, aí tem valor.

 

A1: [...] vamos ter sempre uma fatia da população que faz essa apreciação, e a grande maioria não [...].

 

A2: [...] ainda não tem um público, né, assim, educado pra...  pra prestigiar mesmo essa coisa.[...] até hoje, qualquer exposição que você vai, você vai ver que o público que aparece ainda é muito pequeno, né.

 

G5: [...] eu vejo muito assim o discurso falando que, que a cidade não tem público, né, pra arte.

 

Com relação às artes visuais em Maringá, evidencia-se nos recortes que, mesmo quando determinados sujeitos, nos seus dizeres, assumem um posicionamento de forma a discorda de tal pensamento, está presente o imaginário sustentando a ideia de que nessa cidade não há um grande público interessado por arte, justificando, possivelmente, a falta de ações culturais.

Ao se considerar a discursividade urbana e a expressividade simbólica das artes visuais, observamos funcionar formas de regulação pelas quais o discurso urbano busca se sobrepor ao real da cidade. Apontando a cidade sob uma perspectiva discursiva, em que essa é compreendida como espaço simbólico, depreende-se a ocorrência de uma sobreposição do urbano à cidade, de tal maneira que “o discurso do urbano silencia o real da cidade” (ORLANDI, 2001, p.13). O discurso do urbano, conforme Orlandi (1998), seria o discurso que se constitui a partir da sobreposição do conhecimento urbano sobre a própria materialidade urbana (da cidade).

Consideramos, para fins de análise de nosso corpus, que esse discurso urbano é representado por duas instâncias administrativas, que são a gestão municipal e a gestão universitária, existindo em ambas o controle burocrático, que vai, ao mesmo tempo, permitir determinados sentidos e silenciar sentidos outros.

Identificamos, assim, como regularidade, nos dizeres, o controle politico-administrativo, que tem suas marcas materializadas nos recortes que seguem:

 

E2: Mas por uma série de questões [...] burocráticas, administrativas mesmo... [...] optou-se em não dar prosseguimento a esse... a essa estratégia.

 

G2: [...] pras obras de arte em espaços públicos, haveria necessidade de uma, [...] de uma licitação em que seria passado por uma curadoria, [...] pra que ela pudesse compor esses espaços públicos.