Introdução
O câncer de mama é a neoplasia de maior ocorrência que atinge o sexo feminino, tanto em países desenvolvidos, quanto nos que estão em desenvolvimento (BRASIL, 2011), sua etiologia ainda é desconhecida, porém a sociedade atual, em um contexto geral, está muito exposta aos seus fatores de risco tais como: fumo, vida sedentária, dieta rica em gorduras e pobre em frutas e vegetais, alguns vírus como o da Hepatite B, Papiloma Vírus Humano (HPV) e fatores genéticos (JURBERG, GOUVEIA, BELISÁRIO, 2006; MARUYAMA, 2006; STEVEN et al., 2009).
Uma vez detectado o câncer, a mulher necessitará passar por vários procedimentos no processo de tratamento e, essas intervenções afetam não somente a célula maligna, como também as células de tecidos saudáveis, levando a uma série de debilitações, agudas e crônicas (SEIXAS; KESSLER; FRISON, 2010).
Segundo Park, Zlateva e Blank (2009), a experiência do viver com câncer envolve uma transformação física e psicológica que influi no autoconceito dos indivíduos, levando-se em conta o desenvolvimento de novas identidades.
Por se tratar de uma doença crônica, as questões psicológicas e comportamentais emergem associadas à vida dessas pessoas, uma vez que a doença não se resume a um estado orgânico diferenciado, não está isolada em órgãos ou tecidos; ela se entrelaça nas redes sociais, onde está inserida a pessoa doente, em que o universo social da mulher mastectomizada se reflete na construção de uma nova pessoa, com novas maneiras de ver, ser vista e sentir seu corpo. Como ser relacional, o doente não pode viver sua doença fora dos contextos sociais dos quais faz parte, e esses contextos vão se refletir na experiência do adoecer (AURELIANO, 2007).
O presente artigo tem como objeto o discurso de mulheres acometidas pelo câncer de mama e objetivou compreender de que maneira o ser mulher interpelado pelo câncer de mama se significa e/ou é significado corporalmente. Este nosso trabalho pretende contribuir com as discussões sobre a relação do ser mulher com o câncer, com o câncer de mama, consigo mesmo e com o corpo.
Observar o processo de significação do adoecer e toda a transformação corporal em decorrência do câncer de mama na vida das mulheres participantes da pesquisa nos colocou diante de subjetividades femininas. A subjetividade é um efeito-sujeito produzido a partir da relação entre as diferentes posições-sujeito nas distintas fases do câncer de mama. Já o processo de significação e significado referiu-se à inscrição-identificação da mulher com “O Câncer”, do ser com câncer de mama consigo mesmo e a relação com o outro.