Análise do discurso da arqueologia preventiva na Folha de S. Paulo: A Casa Bandeirista do Itaim


resumo resumo

Glória Tega
Rodrigo Bastos Cunha



Conclusão

Surpreendentemente, nenhuma matéria do Grupo 2- a pesquisa arqueológica preventiva para licenciamento de obra na Casa Bandeirista, selecionado inicialmente para a pesquisa de mestrado citada, se encaixa na definição de uma matéria de divulgação científica, ou seja a não há “textualização jornalística do discurso científico” (ORLANDI, 2008, p.151). Apesar de tratar de um assunto diretamente relacionado a pesquisas científicas na área de arqueologia, as matérias apenas dão voz aos aspectos legais do assunto, já que foram construídas apenas baseadas em uma liminar, e na força que ela tem, que proibia a continuação da obra na área do sítio arqueológico.

Não há discursos citados de cientistas, não há relação do fato, o embargo da obra, com questões relativas à pesquisa arqueológica, mesmo considerando-se que a destruição do sítio arqueológico não seria notícia se a área não tivesse sido pesquisada antes e definida como um sítio arqueológico. A Folha noticiou a destruição do sítio e o embargo da obra, todavia, não noticiou o que foi feito para mitigar o impacto causado ao bem cultural.

Dessa maneira, quando o assunto foi a pesquisa arqueológica para o licenciamento de uma obra, no caso o sitio histórico Casa Bandeirista do Itaim Bibi, ficou claro que a Folha não relacionou esse tipo específico de arqueologia preventiva com uma pesquisa científica de arqueologia. Os textos não são típicos de divulgação científica, pois acabam dando voz apenas a aspectos legais do assunto. Eles são heterogêneos, mas foram construídos baseados apenas em documentos escritos: um texto publicado na seção “notícias” do site do Ministério Público Federal e uma liminar emitida pelo Ministério Público Federal. Não há discursos citados de cientistas. Talvez, nesse caso, também permeie a memória coletiva de que a ciência arqueológica seria feita apenas em locais remotos, distante de grandes centros urbanos, e sobre civilizações necessariamente muito antigas – características não observadas no sítio arqueológico histórico Itaim Bibi.