Revista Rua


Divulgação monstra: pulsações por entre vida, caos e política
(Monster divulgation: pulse through life, chaos and politics)

Susana Oliveira Dias

Fotos da peça Num dado momento: biotecnologias e culturas em jogo
Fotos – Alik Wunder.
 
A opinião é um pensamento que se molda estreitamente sobre a forma de recognição: recognição de uma qualidade na percepção (contemplação), recognição de um grupo na afecção (reflexão), recognição de um rival na possibilidade de outros grupos e outras qualidades (comunicação). Ela dá à recognição do verdadeiro uma extensão e critérios que são, por natureza, os de uma ‘ortodoxia’: será verdadeira uma opinião que coincida com a do grupo ao qual se pertencerá ao enunciá-la (DELEUZE; GUATTARI, 1992: 192).
 
Pensar na divulgação científica na contemporaneidade implica uma mobilização política que vai além da informação e da opinião. Lançarmos as biotecnologias ao e-vento, ao tempo, às experimentações, sem sujeito, inumanas. Em monstruosidades e barbáries distintas, em que a falta de padrões compreensíveis, civilizados e socializáveis das linguagens permite ir além da ideia de divulgação científica como comunicação de fatos e conhecimentos científicos. A linguagem ganha forças como pulverização de sentidos, abertura de lacunas, vazios, brechas aos desentendimentos que se movimentam no meio científico e nas culturas.
Um acontecimento que foge ao que está dado pelos estados de coisas e, ao mesmo tempo, dado pelos enunciados. Pelas sensações: texturas, cores, sombras, ventos, vãos. Por entre ações, pensamentos, ideias criadas em projetos de pesquisa e divulgação científica que apostam em ex-por as biotecnologias, inseri-las em outros fluxos e velocidades. Criar divulgações, divagações, fabulações. Num dado momento