Revista Rua


Divulgação monstra: pulsações por entre vida, caos e política
(Monster divulgation: pulse through life, chaos and politics)

Susana Oliveira Dias

 
Num dado e-vento: biotecnologias e culturas em vãos, texturas, cores, sons, sombras...
Fotos – Alik Wunder
 
A instalação-evento explorou a potencialidade dos registros fotográficos, em vídeo e áudio, feitos em intervenções anteriores pelo grupo nas ruas de Campinas. A intenção foi a de propor aos visitantes uma experimentação das biotecnologias pelas imagens, palavras e sons. As imagens foram projetadas em grandes paredes, em tules, em plásticos, em espelhos, chão, teto, mãos, braços, roupas, sombras. As imagens ganharam imensas dimensões e suaves materialidades. As pessoas foram convidadas pelos objetos – roupas brancas penduradas na entrada, espelhos para serem manipulados – a misturarem-se às imagens, fazê-las dançar em seus corpos, pulverizá-las em reflexos, em diferentes fragmentos irreconstituíveis. Sombras em movimento, silhuetas dançantes, imagens repartidas, sobreposições. Ao longo da exposição, uma trilha sonora criada trazia sons e palavras que interagiam com as imagens, com os corpos. As imagens, os objetos, os sons foram oferecidos ao público, menos como algo a ser capturado e compreendido e mais como coisas a serem exploradas, vividas caoticamente. Encantamentos em cantos que fomos caracterizando como uma singularidade em aberturas de possibilidades, riscos, jogos, e-vento.
 
Aberturas, fechamentos, frestas, festas por que não? O público-autor que visitou o e-vento sustou assustando-se com o imponderável para uma  exposição de divulgação científica. Que potencialidades emergiriam se a divulgação científica fosse capaz de abrir vagas, que resistissem a qualquer tentativa de preenchimento, como se fossem uma brecha para um tempo morto, coagulado, para as não imagens, para as não linguagens? Estranhamentos. Entranhamento. Movimentos repetidos que agitam e abalam o dado das imagens, dos artefatos, das palavras, das representações, do público-autor. Multiplicar a potência criativa dos atravessamentos, arrombamentos, das aglomerações e(m) imagens que se alastram pela contemporaneidade em uma