Se, por um lado, a previdência é significado como amparo nesse momento, um suporte do Estado, por outro há uma projeção de desamparo para lidar com a vida e as limitações do corpo. No recorte seguinte, encontramos pistas sobre a transformação da mulher após todo o percurso em razão da doença, que a transformou em outra mulher, com outra identidade. E, nesse processo de busca de uma auto-identidade, se isola: “(...) Prá falar a verdade, eu queria trabalhar assim (...) trabalhar sozinha (...) não queria voltar para o meu trabalho não (...) (CHORO)” (S10).
Considerações Finais
Observamos que as discursividades sobre o corpo expressas pela mulher interpelada pelo câncer de mama mostram um discurso que vai além do plano físico, se entrelaça nas redes sociais evidenciando as marcas dos limites, das ambiguidades e das contradições presentes no desenvolvimento da doença e na feminilidade do ser mulher.
As marcas incorporadas no/do corpo na presença da extirpação, da alopecia, do linfedema, da dor, transformam os sentidos, silenciam, ausentam.
O diferente, o anormal - estigmatiza, isola, impotencializa - e assim, ainda doente(?), curada(?), nessa passagem pelo desconhecido se ressignifica, se reorganiza, se subjetiva, se reergue.
Bibliografia:
AURELIANO, W. A.2007. Vênus Revisitada: negociações sobre o corpo na experiência do câncer de mama. Barbarói, São Caetano do Sul, v. 27, p. 107-129, jul./dez.
CARDOSO, F. S. 2009. Entre silêncios, sussurros e gritos: o corpo feminino atravessado pelo câncer de mama.2009. 126 f.Dissertação (Mestrado