Revista Rua


Sentidos do/no corpo interpelado pelo câncer de mama
Senses of / in nobody challenged by breast cancer

Lívia Fabiana Saço e Eliana Lúcia Ferreira

habilitado pelo Ministério da Saúde como Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON).
Analisamos entrevistas gravadas, das quais foram transcritos os recortes mais significativos. Procuramos compreender como os discursos significam o corpo em diferentes formações discursivas e se reapresentam para os sujeitos, em sua produção de linguagem. No tocante à sua materialidade, tivemos de compreender os sentidos produzidos, ou melhor, tivemos de entender como é que o sujeito estava ali produzindo sentidos, porque o texto não produz sentidos em si mesmo e sim pelos sujeitos (FERREIRA, 2003).
Adiante, analisaremos a presença dessas discursividades, em suas marcas enunciativas, nas falas das mulheres pós-cirurgia da mama para a retirada do tumor.
 
Sentidos do/no Corpo
 
Segundo Ferreira (2005), interpretar quais são as mudanças corporais ocorridas pós-câncer é compreender como o sujeito se mostra ou não por intermédio dos processos de subjetivação, que não são totalmente visíveis, e, como, por meio do discurso, fornece-nos pistas/indícios para essa visibilidade.
No entanto, no processo de significação, esses sentidos não se constituem separados. Existe a relação da mulher com o câncer de mama, com o meio e o olhar com que essa mulher percebe sua cultura e a sociedade na qual vive.
O câncer de mama é entendido como uma doença crônica, sendo esta caracterizada por uma condição que requer longo tempo de cuidado e duração. A paciente necessita de um preparo mental para se adaptar à doença e ter precauções na vida, que envolvem estratégias, para lidar com os sintomas e enfrentar a mudança no estilo de vida, nas relações familiares e sociais, além de contínua e concomitante ação de prevenção primária, secundária e serviço de reabilitação (FREITAS; MENDES, 2007).
Sobre o novo papel a ser assumido pela mulher após o diagnóstico da doença para um novo ser doente de câncer, Vieira e Queiroz (2006) atentam para os enfrentamentos que as mulheres terão em seu modo de vida e suas relações interpessoais.
Sabe-se que o discurso sobre o câncer de mama já traz sentidos sobre a noção da doença e, consequentemente, já ocorre uma separação do sujeito com ele mesmo. Há