Revista Rua


Divulgação monstra: pulsações por entre vida, caos e política
(Monster divulgation: pulse through life, chaos and politics)

Susana Oliveira Dias

uma prova consistente e contundente, terminam por reforçar a idéia de que o parentesco é dado, concreto e empiricamente demonstrável.
Diante do espalhamento das biotecnologias, de sua intensa associação tecnocientífica, numa imbricada conexão com o mercado e investida violenta na captura das subjetividades, por que divulgá-las? Como divulgá-las? A comunicação da ciência é apontada, frequentemente, como mais um espaço que colabora com os objetivos tecnocientíficos, seja por meio de uma comunicação-marketing, legitimando suas produções e financiamentos, seja investindo no denuncismo e na conjuração de medos científicos. Nos escritos de Daniela Ripoll (2008), que se expandem pelos estudos culturais, as biotecnologias-mídias apresentam-se como construções poderosas do medo e do perigo.
A mídia é uma parte central da engrenagem de controle social através do medo e do risco, cotidianamente nos ensinando quais situações/práticas/pessoas/coisas devemos temer, quais riscos podem (e devem) ser evitados, o que devemos fazer para minimizá-los, em quais instituições (e especialistas) devemos confiar etc. (RIPOLL, 2008).
 
Para Deleuze e Guattari (1992), as ciências  costumam  se  interessar  por  dar referências  ao  caos,  por operar uma limitação   de  movimentos e  velocidades, estabelecimento de  conjuntos  de possíveis. Investimos,  nos  projetos  aqui  mencionados, em   possibilidade  de  pensamento  e  criação no  campo da divulgação científica que fossem  capazes de  “inserir  o   caos   na  vida” (FLAXMAN, 2008)[12]. Escolhemos “potencializar o entendimento das ciências não como produção restrita aos laboratórios,


[12] Proposta que o Prof. Dr. Gregory Flaxman, da Universidade da Carolina do Norte e estudioso de Gilles Deleuze e cinema, explorou em sua palestra “Caos e ciência” ministrada no Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp, a convite do projeto Biotecnologias de Rua (financiado pelo CNPq) em maio de 2009.