Revista Rua


Divulgação monstra: pulsações por entre vida, caos e política
(Monster divulgation: pulse through life, chaos and politics)

Susana Oliveira Dias

A paisagem-corpo dos conceitos vida, humano e futuro se contorce compulsivamente, explode numa monstruosidade incontrolável, numa abertura para devires inauditos e imprevisíveis. A (de)formação do humano, da vida e do futuro, a libertação desses conceitos da excessiva organicidade pode não ser relevante para os estudos médicos, farmacológicos, para as grandes indústrias e corporações, ou ainda para aqueles que pretendem encontrar vida em outros planetas, mas apresenta-se potente para um pensamento por entre ciências, arte, educação, currículo e comunicação. Possibilidades de caotizar tais conceitos, de levá-los além de seus limites. Paisagem-corpo-pensamento monstra, em que humanos, vida e futuro não estão dados e aprisionados, antes libertos, abertos à experimentação.
 
O monstro (violência, desidentificação e anormalidade) é potência de pensar pedagogias da ausência, de singularidades puras e experienciar a fuga do controle de existir na realidade, similarmente a alguns estilos de escrita literária com personagens que querem fazer o leitor se desencontrar (AMORIM, 2007).
 
Que divulgação é essa que quer se afirmar divagação, multiplicação, proliferação? Um querer que não significa, na maioria das vezes, concretização, antes fracasso e decepção. Um querer que não significa modelo de formação, antes deformação do modelo, da ideia de modelo. Monstruosidades. A perda da identidade do que é “divulgação científica”, do que poderia ser considerado “divulgação científica”, parece assustar. Como sustar o susto e discutir politicamente os efeitos da divulgação de ciências num mundo de tempos, cada vez mais, marcados pelo controle e exclusão? Os papeis mídias – papel jornal, revista, tela do cinema, tela da TV – têm priorizado excessivamente a comunicação da informação e da opinião.