Revista Rua


Divulgação monstra: pulsações por entre vida, caos e política
(Monster divulgation: pulse through life, chaos and politics)

Susana Oliveira Dias

à própria ideia de corpo, de monstro, de humano. Tais criações imagéticas do público se encontram com as apostas do grupo de criar um tempo de re/combinações – remix – que possam confrontar/resistir/dialogar com a insistência na determinação, no controle, na substância, sugerida pelas biotecnologias, que insistem em delimitar ações, medidas, tempos dos corpos.
Temos considerado relevante pensar, ao tratar de divulgação das biotecnologias, em como escapar à autoridade do tempo presente dos corpos, do que se dá a ver e ouvir, das misturas de corpos, (pessoas, imagens, ruas, biotecnologias, sons), das qualidades físicas, das singularidades individuais, do barulho dos corpos. Haveria um tempo liberto capaz de ser expresso nas imagens, sons palavras?
                  
Monstrinhos criados pelos visitantes em instalação do artista Thiago La Torre que fez parte do evento: Num dado e-vento: biotecnologia e culturas em vãos, texturas, cores, sons, sombras...
 
Nos monstrinhos criados para Num dado e-vento por Thiago La Torre e pelas pessoas que circularam na instalação pulsa uma multidão que não se restringe aos humanos, nem à oposição e classificação: humanos ou monstros. Pessoas, objetos, animais, cores, desenhos, recortes. Interessa-nos pensar nessa multidão como uma monstruosidade potente, cujo corpo foge, escapa às classificações, em que as distinções entre humanos e animais, humanos e objetos, humanos e imagens, pouco importam.
Os projetos de pesquisa e divulgação científica citados foram pensados/inventados na busca por criar possibilidades de participação intensas do público na produção de conhecimentos, pensamentos, sensações ligados às bios-tecno-logias. Expansões dos corpos. Desmaterialização dos monstros. Extensões dos corpos-monstros. O público deixou de ser apenas um conjunto de pessoas, vozes, discursos –