Revista Rua


Divulgação monstra: pulsações por entre vida, caos e política
(Monster divulgation: pulse through life, chaos and politics)

Susana Oliveira Dias

mas como produção que se efetua e expressa como maquinaria: pesquisas, pesquisadores, artigos, produtos, públicos e divulgações pelas mídias (textos, imagens e sons nos jornais, revistas, internet, TV, cinema etc.)” (ANDRADE; DIAS, 2009: 03).
A peça Num dado momento: biotecnologias e culturas em jogo[13] foi outra criação do grupo. Apresentada em março de 2008, para cerca de 450 alunos da rede municipal de Campinas no Museu da Imagem e do Som (MIS), ganhou as ruas e praças de Campinas, foi encenada no Espaço Cultural Casa do Lago e apresentada na 60ª SBPC Jovem, que aconteceu na Unicamp em 2008. Mais de mil pessoas assistiram à peça em que um cientista (e vendedor, anjo, empresário, vidente, jogador, pai de família, desempregado, cantor, ator...) e uma mulher-dado (e cliente, jogadora, mãe, Deus, cantora, atriz...) encenavam três momentos que queriam produzir sentidos diversos sobre as relações entre biotecnologias, vida e tempo.
Captando o “dado” das biotecnologias – dado de informação, de determinação, de jogo ... – o roteiro da peça foi composto com trechos de obras literárias que desconcertam as certezas acerca da possibilidade de previsibilidade sobre a vida e o tempo como uma caracterização das biotecnologias. “O futuro está dado? Se não está dado é jogo?”, pergunta o ator num dos atos. Ao final desses três esquetes, os personagens convidaram os espectadores a criar, juntos, um poema onde propusemos movimentações pelo “futuro dos humanos” – num jogo de enormes dados com imagens e palavras. Imagens diversas, produzidas por artistas, difundidas em revistas de divulgação científica, que desejam romper com a lógica da comunicação-representação-recognição. Palavras – tão, que, querer, e, um, uma, entre... – que não desejam significar as imagens, o futuro, a vida, os humanos. Um poema gigante, de mais de sessenta metros de comprimento, foi criado com o público que lançou dados, palavras, futuros. O desejo da equipe era gerar novas


[13] Ficha técnica: Título – “Num dado momento: biotecnologias e culturas em jogo”. Direção e Roteiro – Grupo Parada de Rua: André Malavazzi, Carolina Cantarino, Elenise Andrade, Maria Cristina Bueno, Marcelo Lírio, Susana Dias. Figurino e cenografia – André Malavazzi, Carolina Cantarino, Fernanda Pestana, Gabriela Chiarelli e Susana Dias. Atores – Marcelo Lírio (cientista) e Cristina Bueno (mulher-dado). Produção – Biotecnologias de Rua (CNPq). Duração – 40 min. Leia sobre em: http://www.comciencia.br/comciencia/?section=3&noticia=416