Revista Rua


Você gosta de livro? Você é um intelectuário? Você é uma traça? Então aqui não tem nada da sua conta.
Do you like books? Are you an intellectual? Are you a bookworm? Then, that?s not your business anyway

Luisa Dias Brito

Antônio Biá, nascido em 2025 e morto em 1950, intelectuário e alcoólatra, também se perdeu dentro de histórias e escritas. Em suas mãos estiveram depositadas as esperanças para salvar o Vale de Javé. Reunir as “lembranças Javélicas”, as “históricas e as pré-históricas”. Construir a grande “Odisséia do Vale do Javé. – Botar na escrita. Fazer um juntado de tudo que é importante pra provar para as autoridades porque Javé tem que ter tombamento”. Construir “a história grande, de valor”. Biá perdeu-se nas histórias... Indalécio, Indalício, Indaleo, Indaleo, Indaleo!!! Tantos mitos fundadores (ou seriam afundadores de Biá?). E uma formiga intrusa em meio às suas divagações javélicas vem lhe fazer companhia. Riscos-linhas-entrelinhas dançam no papel... é o possível. “E um dia elas vieram... as águas”[2].
Gostaria neste texto de pensar o perder-se ao entrar em contato com como experiência (de)formativa. Experiência que estaria aberta para acessar/produzir vidas, intensidades, sensibilidades e criar para além do estabelecido, dos padrões, da norma (FOUCAULT, 1999). Experiência que nos possibilitaria inventar e reinventar o insuspeito, proliferando pensamentos, gentes, histórias; proliferando a vida e suas formas. Viagens, perambulações, escavações, encontros inesperados. “Movimentos que regam o tempo de impossibilidades”. (MALASPINA, 2011a,). Só mesmo uns gênios como os Beatles para interpretar tão bem o que eu senti a primeira vez que vi minha mãe com um prato de sopa.
 


[2] Os trechos entre aspas são diálogos de Narradores de Javé (2003).