Revista Rua


Imagens e metáforas do mundo
(Images and Metaphors of the World)

Cristiane Dias

O que temos chamado de “Sociedade do Conhecimento”, a partir de meados do século XX, está diretamente relacionado à emergência das “Novas Tecnologias da Informação e Comunicação” (NTICs). Nesse sentido, a “Sociedade do Conhecimento” é a chamada era pós-industrial, baseada na produção da informação e no desenvolvimento tecnológico.  Informação e conhecimento passam, desde então, a se con-fundir. O que permite derivas como: “Sociedade do Conhecimento”, “Sociedade da Informação”, ou, ainda, “Sociedade da Informação e do Conhecimento”.
Conhecimento e informação são determinantes de sociedade nesses enunciados, são qualificativos regendo sociedade. Eles não querem, no entanto, dizer a mesma coisa, pois produzem sentidos diferentes uma vez que acionam e se filiam a diferentes memórias discursivas. Porém, a filiação às novas tecnologias faz com que o funcionamento discursivo desses determinantes apague as diferenças constitutivas dos distintos modos de formular. Ou seja, se substituirmos o determinante informação por conhecimento, o sentido da formulação produzirá o mesmo efeito, pois eles passam a significar como se fossem sinônimos quando filiados às NTICs, a saber, na formação discursiva das novas tecnologias. Tomamos, assim, a formulação na sua evidência ideológica, apagando a materialidade da palavra, apagando a memória das redes de filiação de sentidos.   
Nesse ínterim, a partir de uma compreensão da linguagem que é a da Análise de Discurso, que a considera como não transparente, diríamos, com as palavras de Pêcheux, que, “sob o mesmo da materialidade da palavra abre-se então o jogo da metáfora, como outra possibilidade de articulação discursiva... uma espécie de repetição vertical, em que a própria memória esburaca-se, perfura-se antes de desdobrar-se em paráfrase” (PÊCHEUX, 1999: 53).
Conhecimento e informação, nessa abertura do jogo metafórico, produzem cada um dos termos, diferentes possibilidades de articulação discursiva, em condições e relações distintas com a memória, deslocando sentidos, produzindo o que chamamos “efeitos metafóricos”, transferências, derivas, deslizamentos de sentidos, fazendo, com isso, buracos na “memória metálica”. Essa que, nos termos de Orlandi, “não falha e que se apresenta como ilimitada em sua extensão, [que] só produz o mesmo, em sua variação, em suas combinatórias” (ORLANDI, 1998: 16).
Sob o efeito da ideologia, informação e conhecimento parecem se sobrepor no discurso das novas tecnologias. É, pois, no sentido de trabalhar a opacidade desse discurso, a materialidade da palavra, que pretendo mostrar nesse artigo, a diferença