Revista Rua


Imagens e metáforas do mundo
(Images and Metaphors of the World)

Cristiane Dias

O que importa aqui é que todas essas metáforas do mundo, seja a da terra, do céu, do corpo ou do mar, seja ainda a do círculo, ou a da rede, fazem referência à noção de espaço. Os conhecimentos estão num espaço. Um espaço de significação, cuja materialidade produz sentido. Nessa perspectiva, pensar a relação do conhecimento com as novas tecnologias da linguagem é pensar sobre a noção de espaço, mas não o espaço geométrico das cartografias ou das esferas que circunscrevem o conhecimento disciplinar, mas o espaço político-simbólico, em que, da perspectiva discursiva, “a história e a língua se articulam produzindo sentidos” (ORLANDI, 2001: 185).
É nesse sentido que me interessa olhar para os novos mapas mundi, na medida em que eles articulam língua e história. Eles constituem um espaço político-simbólico em que a velocidade, a virtualidade, a desterritorialização das relações (sociais e de poder) e da circulação (da informação e dos sujeitos), configuram uma outra forma de conhecimento, que não deve se confundir com informação, mas que também não deve se apartar dela.
A configuração do ciberespaço, pensando ciberespaço - não o ciberespaço como um espaço específico da internet, mas como um funcionamento ideológico de uma sociedade da informação - como um espaço político-simbólico de construção do conhecimento, nos permite pensar no político da linguagem da tecnologia, ou seja, no fato de que o sentido sempre pode ser outro. É aí que se pode romper o laço intricado entre ciência-tecnologia e administração, relação esta que, para Orlandi, comanda “nossas relações com os sentidos” (ibid., 2001: 183).
Se o ciberespaço permite a desterritorialização das instituições, da cartografia da terra, dos lugares de produção do conhecimento, de modo que o tempo entre sua produção e a circulação da informação dessa produção seja quase que coincidente, o que permite o recobrimento entre informação e conhecimento, é na compreensão dessa linguagem que podemos reorganizar o trabalho intelectual, conforme nos alerta Orlandi (2003) e “inaugurar novas relações entre a ciência e a administração”.
O que tenho compreendido até aqui é que essas novas relações entre ciência e administração podem se inaugurar na medida em que o tempo da produção do conhecimento não se deixar administrar pela velocidade da informação. É preciso deixar transbordar os sentidos outros, restabelecer os pré-construídos, ter a memória como estruturante da materialidade discursiva da formulação do conhecimento, fazendo aparecer “o espaço móvel de deslocamentos e de retomadas... um espaço de