Revista Rua


Imagens e metáforas do mundo
(Images and Metaphors of the World)

Cristiane Dias

Esse outro espaço organizado pelo tempo das tecnologias digitais diz respeito aos espaços de conhecimento, pois, uma vez que a informação chega muito mais rapidamente em muitos lugares do planeta, seja pelo telefone, pela videoconferência, pela troca de e-mails ou por um site web, nossa relação com o conhecimento muda, mudam o saber e as formas de aprender. Daí a segunda transformação apontada por Michel Serres: o saber e as formas de aprender.
Essas duas transformações estão estritamente relacionadas, já que se há uma mudança na maneira de habitar os lugares, na organização do espaço, há como conseqüência uma mudança nos chamados lugares de saber, nas instituições de saber, como escolas, bibliotecas, laboratórios, universidades etc. A aprendizagem não está mais condicionada a essas instituições e, tampouco, a produção do conhecimento. O especialista divide seu espaço institucional com os blogs na internet, onde a informação circula com muito mais velocidade e atinge um número muito maior de usuários do que se ela circulasse numa revista especializada, produzida por uma instituição de renome.
Se antes a construção do conhecimento estava concentrada nos laboratórios, universidades, escolas, hoje, com a velocidade das redes digitais, a construção desse conhecimento, pela facilidade de acesso à informação, cria outras redes institucionais.
Há algo de que não podemos esquecer: que o conhecimento não está dissociado da vida, “porque o ato de pesquisar [de conhecer] está intimamente ligado ao ato de viver” (SCHERER, 2002). Assim, o modo de vida hoje, nossa relação com a informação e com o modo como ela circula é a base da construção do conhecimento do mundo, assim como o relato dos navegadores e as informações contidas nesses relatos foram a base do conhecimento do mundo na época das grandes navegações.
A informação é a matéria-prima da construção do conhecimento, mas não é o conhecimento, portanto, não pode substituí-lo.
Desse modo, a compreensão do que se tem chamado “Sociedade do Conhecimento”, “Sociedade da Informação”, lembrando que conhecimento e informação aí qualificam e regem sociedade, passa pela compreensão dessas transformações do mundo e pela relação do sujeito com o cosmos, pois é essa relação que dá forma ao conjunto de conhecimentos. É a nossa relação com o mundo que permite que o conhecimento seja formulado de um modo e não de outro, já que a