Revista Rua


Imagens e metáforas do mundo
(Images and Metaphors of the World)

Cristiane Dias

A informação, no entanto, pode ser cartografada, pois ela mantém sua mesmidade. Daí uma primeira pista para compreendermos que “Sociedade da Informação” e “Sociedade do Conhecimento” não têm o mesmo sentido, embora se articulem discursivamente no jogo metafórico da substituição contextual, conforme nos ensina Pêcheux. Na relação com as novas tecnologias, o sentido de um é constitutivo do sentido do outro, mas não é o mesmo sentido.
Ainda na relação com a análise que nos permite os conceitos teóricos da Análise de Discurso, poderíamos dizer que, se o conhecimento tem a forma material, a informação tem a forma empírica, a qual, segundo Orlandi[5], já corresponde a uma realidade, já é resultado de um processo - do conhecimento.
 
Ainda remontando ao século XVI, se a expansão espacial marcou as mudanças no mundo da Renascença, hoje, é a velocidade, ou seja, nossa relação com o tempo que marca mudanças no mundo das novas tecnologias digitais.
            Se houve mudanças significativas na economia e na política a partir do capitalismo mercantil, com as novas imagens do mundo e o próprio significado do conhecimento científico, com “novos mapas, nova geometria, nova música, nova cronologia: novas linguagens para entender e consolidar um mundo que, para os homens da época, vai se transformando paulatinamente” (SANTOS, 2002), hoje, com as novas tecnologias, a imagem do mundo e do conhecimento acerca dele produzido, assim como sua economia (mundial) e sua política (global), também produzem novas linguagens, que demandam que aprendamos a interpretar a velocidade do tempo digital.
            Essas grandes modificações produzem um rompimento em relação a um já estabelecido, na medida em que a produção de novos instrumentos, de novas técnicas, relaciona-se com a concepção de novos saberes da linguagem do mundo. Daí as novas tecnologias de linguagem.
            A proliferação da internet e a velocidade da informação produzem uma linguagem da tecnologia, com a qual lidamos no nosso cotidiano. É essa linguagem que é preciso compreender em seu modo de funcionamento. 
Diante disso, como poderíamos nós olhar o mundo hoje, mediante as mudanças que se nos apresentam? E como poderíamos dar sentido ao conhecimento que temos


[5] Vídeo realizado durante a reunião de trabalho do Grupo DICIT, em 5 de dezembro de 2007, no Labeurb. Disponível em www.labeurb.unicamp.br. Acessado em 11/05/2009.