Revista Rua


In-(cor)porar palavras
Incorporate words

Vivian Marina Redi Pontin

Outra razão pela escolha da Mona lisa é exatamente pela sua reprodução desenfreada, milhões de Mona lisas multiplicadas pelos mais diversos artefatos (desde a própria tela até uma caneca, por exemplo) e ainda assim continua a ser objeto de estudo da ciência-verdade. Ouvir aquela notícia no rádio às vezes soa como uma piada. Paradoxo entre pesquisas científicas, dos mais diversos tipos, como tentativas de encontrar a verdade, em especial no aprofundamento, e o deparar-se com o espalhamento[6].
 
             
 
             
             
             
 
 
 
 
          
 








           Investida na supressão da ficção em nome da ciência-verdade, esforço que esquece que a linguagem podeescapar ao controle do entendimento. Quando as palavras desenham-se no papel possibilitam serem pintadas com muitas cores, finitas, mas às vezes, diferentes daquelas que quem as escreve gostaria de tê-las tingido. Um descuido com o uso das palavras e das imagens, pelos desencontros e diluições, que acabam por dissolver-se ao invés de integrar-se à memória.Deslembrar, talvez.
           Tanto a verdade por trás do sorriso da Mona lisa (ou das Mona lisas), como a verdade (ou as verdades) das histórias das origens de Javé (no filme) multiplicam-se e levam consigo suas ambivalências. Aquilo que permanece e perpetua se encontra nessa mistura, nessa indiscernível proliferação. A palavra faz chover significantes, significados e sentidos.


[6] As imagens a seguir estão disponíveis em: <http://www.fcs.mg.gov.br/agenda/1462,cem-mona-lisas-com-mona-lisa.aspx>. Acesso em 22 de abril de 2011.