como um "meio privilegiado das intenções comunicativas" (SOUZA, 2001, p.65)
A incompletude aponta para a abertura do simbólico, já que a falta é também o lugar do possível, conforme Orlandi (2007a). Esse fato possibilita a ruptura, mostrando que o sentido pode ser outro. Para Pêcheux (1988), todo o discurso é suscetível a tornar-se outro.
A interpretação da imagem ocorre por efeitos de sentidos decorrentes do gesto, do não-verbal e da tomada em consideração das formações sociais onde se encontram inscritos os sujeitos do discurso não-verbal, sem esquecer, é claro, do ponto de vista ideológico. O estudo do não-verbal enquanto discurso nos possibilita a compreensão do funcionamento dos discursos sobre a imagem.
No próximo item falaremos de alguns dados referentes à Nhá Chica, importantes para a compreensão de sentidos produzidos pela fotografia.
Um breve histórico de Francisca de Paula de Jesus Isabel
Francisca de Paula de Jesus Isabel, a Nhá Chica, como é chamada por seus devotos, foi uma mulher, negra, que viveu no século XIX, no Sul de Minas Gerais. Sua existência transcorreu quando da escravidão do negro no Brasil.
Nhá Chica nasceu no Povoado de Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno, lugarejo situado à margem direita do Ribeirão das Mortes, distrito de São João Del Rei. A designação Rio das Mortes atribui-se às numerosas mortes ocasionadas pela Guerra dos Emboabas (de 1707 a 1709), nas margens do referido rio.
O nascimento de Nhá Chica data de 1808, seu batismo, 1810 e, sua morte, 1895.
Francisca era filha de Izabel Maria, cuja mãe se chamava Rosa Benguela, solteira, escrava do fazendeiro Costódeo Ferreira Braga.
No batistério de Francisca, não consta o nome paterno. O pai pode tanto ter sido um escravo da fazenda quanto algum dono de terras.
A candidata à beatificação nasceu na fazenda de nome Porteira dos Villelas, localizada em Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno. Nhá Chica foi declarada escrava, uma vez que era tanto neta quanto filha de escravas.
Nhá Chica, ainda infante, mudou-se com a família para a cidade de Baependi, onde permaneceu até sua morte. Sua família era composta por um irmão, de nome
