Em 1991, Nhá Chica recebeu da Congregação das Causas dos Santos do Vaticano o título de Serva de Deus. Atualmente o processo de beatificação de Francisca de Paula de Jesus Isabel tramita no Vaticano.
Em 2010 foi lançado um selo comemorativo de Nhá Chica, pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT) em alusão aos seus 200 anos de batismo. Percebemos, na leitura batismo, um efeito de sobreposição da data de batismo à data de nascimento.
Nhá Chica foi testemunha das transformações ocorridas ao longo do século XIX. Aquele século foi profundamente marcado, muito embora a cidade de Baependi estivesse localizada no interior do Brasil, tais mudanças atingiram a vila. Como fatos históricos, temos: a Proclamação da Républica, em 1889, e ela viveu alguns anos sob a experiência do regime republicano no Brasil (já que morreu em 1895).
Os anos em que viveu Francisca de Paula de Jesus foram marcados por uma difusão de idéias e valores dentre os quais o conceito de progresso, modernidade, crescimento econômico.
A vida dos negros foi árdua ao longo dessas transformações; os filhos dos negros eram tratados como pequenos adultos e aos sete anos as crianças já dominavam um ofício aprendido na convivência com os adultos. Para Araújo (2005):
Baependi faz parte do Sul de Minas Gerais, região fronteiriça com São Paulo e Rio de Janeiro, que se estendia até o termo da Vila São João Del Rei, caminho de tropas que abasteciam a Corte e de diversos viajantes estrangeiros que para esta região vieram no século XIX. Constituiu-se como uma das três vilas mais antigas da região, junto com Aiuruoca e Campanha, pertencentes à Comarca do Rio das Mortes até 1833. (p.26)
Ao contemplarmos a figura da fotografia de Nhá Chica, como veremos, podemos pensar a beata, também, como uma figura de resistência frente às agruras do tempo em que viveu. Ela dá força contra o status quo. Sua crença inabalável em Nossa Senhora da Conceição, essa fé encarnada na Virgem que a tantos inspirou.
Nhá Chica mostrou sua resistência a seu modo, com sua religiosidade, sua fé acima de tudo. Não se apassivou diante das situações de seu tempo. Segundo Lagazzi (1988): “A resistência é a batalha do sujeito pelo direito de se colocar, de não aceitar a coerção,
