Revista Rua


Hoje tem marmelada ... pelo debate sobre a medicalização da infância e da educação no Brasil
Today has marmalade ... The debate over medicalization of children and education in Brazil

Renata Chrystina Bianchi de Barros

 

Introdução
 
A sociedade contemporânea Brasileira preocupa-se com o estudo da infância em suas mais diversas manifestações e problemáticas, como fazem Abreu e Martinez (1997) num estudo geral sobre a criança no Brasil nos séculos XIX e XX; Arantes (1995) num estudo da legislação acerca da infância; Abreu e Martinez (1997) analisando situações de pedofilia no Brasil; Pereira (1999) que pesquisa e analisa a problemática do trabalho infantil.
Nossa hipótese é a de que a atualidade e as condições da infância moderna vêm sendo construídas em meio à diluição de processos históricos do que hoje vemos apresentado como projeto nacional de educação para todos em função de um País desenvolvido, objetivando a escola como lugar de minimizar todos os problemas sociais e de ausência de desenvolvimento social e tecnológico de uma nação.
O debate sobre as possibilidades de minimização dos problemas em maior evidência no país culminou na elaboração de leis no interior da Constituição Brasileira de 16 de julho de 1934, dissolvido em propostas para “a melhor solução dos problemas educacionais” (BRASIL, 2000/2012). Suas diretrizes consideram a necessidade de preparar capacidades e competências de crianças e jovens para o enfrentamento das
 
profundas transformações que vêm ocorrendo em escala mundial, em virtude do acelerado avanço científico e tecnológico e do fenômeno da globalização, [uma vez que estas][2] têm implicações diretas nos valores culturais, na organização das rotinas individuais, nas relações sociais, na participação política, assim como na reorganização do mundo do trabalho. (BRASIL, 2000/2012)
 
Tal visão tecnicista da educação, em função de um bem maior social – o desenvolvimento do País se deve, em parte, à leitura equivocada da produção intelectual de Marx, que observou, à época, na legislação fabril “o germe da fórmula educativa do futuro, o sintoma das transformações que estavam sendo gestadas (...) no nível da dinâmica social, e que estariam inscritas nas tendências históricas” (NOGUEIRA, 1987 p. 108).
De análise crítica para sistema industrial capitalista, o pensamento de Marx (1983) foi interpretado como proposta de sistema educacional tecnológico, sendo ocultadas questões importantíssimas apresentadas por Marx que instigam a


[2] Inserção nossa.