Revista Rua


Hoje tem marmelada ... pelo debate sobre a medicalização da infância e da educação no Brasil
Today has marmalade ... The debate over medicalization of children and education in Brazil

Renata Chrystina Bianchi de Barros

 

para observação e ensino de conteúdos. Nosso olhar é para uma escola que se preocupa com a posição-sujeito que se apresenta como aluno ocupando uma posição-sujeito que articula-se diretamente com outra – o professor.
Parafraseando Rodriguez-Alcalá (2002), nos preocupamos em analisar a “natureza da relação da linguagem e o sujeito com o mundo numa forma histórica específica” (p. 23) – a escola, que parte de um espaço maior denominado cidade.
 
Consideramos a cidade, do ponto de vista discursivo, como um espaço simbólico diferenciado que tem sua materialidade e que produz a sua significância. Em outras palavras, a cidade caracteriza-se por dar forma a um conjunto de gestos de interpretação específicos e isto constitui o urbano. Quer dizer que, na cidade, o simbólico e o político se confrontam de um modo específico, particular. A isto chamamos ? a ordem do discurso urbano. (ORLANDI, 1999, p.08).
 
Nesta “ordem do discurso urbano”, temos que o urbano é um espaço ideológico e que as relações estabelecidas nele são relações de poder. Em consonância a esta proposição, tal como aponta Rodriguez-Alcalá (2002), entendemos que a relação existente na cidade, enquanto “espaço simbólico e político”, com a linguagem e os sujeitos, é constituída “num processo discursivo (ideológico), cuja base material é a língua” (p. 26).
Hoje compreendemos que “nada pode ser pensado sem a cidade como pano de fundo. Todas as determinações que definem um espaço, um sujeito, uma vida cruzam-se no espaço da cidade” (ORLANDI, 2004 p. 11). Observar a cidade (idem) é estar atento às alterações de ordem social, das relações dos indivíduos com outros indivíduos, com o meio em que vivem e com as normas e regras que determinam o lugar de cada sujeito na cidade, ou seja, com tudo o que constitui uma cidade e claro, o coletivo e o individual, cidadão e cidadania, corpo e comunicação.
Estando ancorados sobre os dispositivos teóricos da Análise de Discurso (Orlandi, 1997, 2000, 2001, 2002, 2004, 2009; Pêcheux, 1997a, 1997b; Pêcheux e Gadet, 2004), nos preocupamos em pensar a subjetividade estruturada no acontecimento do discurso, sendo o sujeito “posição entre outras” (Orlandi, 2001 p. 99), constituindo-se ao mesmo tempo com os sentidos, “na articulação da língua com a história, em que entram o imaginário e a ideologia” (idem, p. 99-100). Assim, o sujeito é interpelado pela língua e pela ideologia.