Revista Rua

Do Repetível ao Historicizado: Notas Sobre uma Prática de Sentidos
(From the Repeatable to the Historicized: Notes About a Practice Of Senses)

Rejane Maria Arce Vargas

demandas no discurso do ‘todo’, este que toma unicidade para significar, circular como discurso na escola-comunidade.
Ademais, Orlandi (2002: 249), ao atentar para a escola no espaço urbano,  postula a sobreposição do discurso do urbano sobre a cidade, isto é, um discurso urbanista homogeneíza o real da cidade mediante a hipertrofia do senso comum administrativo, burocrático. Nessa conjuntura, a escola, como parte da cidade, é um locus de administração de sentidos; entretanto, é, ao mesmo tempo, lugar de interpretação da ordem social citadina. Neste trabalho, valemo-nos desse entendimento para a compreensão da subjetividade em contexto escolar na contemporaneidade. Além disso, para analisarmos a presença do nome ‘comunidade’ nos dizeres dos adolescentes, levamos em conta a seguinte formulação da mesma autora: “a palavra ‘comunidade’, que tem um sentido preciso no discurso do urbano (...) migrou para o cotidiano significando a torto e a direito nas diferentes situações de vida urbana” (ibid.: 249-250). Diante do que precede, importa dizer que, na conjuntura de análise a qual nos reportamos, observamos que a cidade apresenta-se ‘apartada’ da comunidade, ou ainda que a comunidade seria então ‘a cidade’, mas não aquela nomeada “Santa Maria”. A cidade aparece como um espaço circunscrito à ‘comunidade’, uma unidade imaginada (perdida desde sempre?).
 
Memória do devir – 15 anos de uma história
 
Na semana de comemoração dos 15 anos de ocupação da Fazenda Santa Marta[18], dentre as atividades alusivas ao aniversário, os alunos assistiram a uma fala de um dos líderes do Movimento Nacional de Luta pela Moradia[19] a propósito da história da comunidade. Mais tarde, foi solicitado que produzissem um texto contando a história da Nova Santa Marta e, para tanto, poderiam coletar informações com familiares e amigos, tal como segue20]:
Tarefa de casa:
Pesquise com seus pais, tios, familiares ou vizinhos sobre fatos importantes que aconteceram nesses quinze anos da Comunidade. Pergunte há quantos anos residem no local, se sabem como iniciou esta comunidade e por que vieram morar aqui.
Em aula:
Escrever um texto sobre a história da comunidade.

[18] As atividades alusivas aos 15 anos da ocupação aconteceram de 20 de novembro a 07 de dezembro de 2006.
[19] Cristiano Schumacher.
[20] Enunciados extraídos de caderno de aluno.