Revista Rua


Do Repetível ao Historicizado: Notas Sobre uma Prática de Sentidos
(From the Repeatable to the Historicized: Notes About a Practice Of Senses)

Rejane Maria Arce Vargas

alunos; duas entrevistas com líder local do MNLM concedidas em rádio local e um vídeo institucional da Escola e Centro Social Marista, as quais se organizam em torno do discurso de ‘mobilização social’ que historiciza a prática simbólica de sentidos ao longo da instauração do espaço. Para a elaboração deste texto, centramos nosso interesse, especialmente, nas produções textuais de adolescentes alunos da Escola Marista Santa Marta, instituição de orientação cristã-libertária, pioneira em se estabelecer na ocupação, e que empresta notoriedade e condições de profusão dos discursos formulados neste espaço. Esses textos foram produzidos em situações distintas e foram, por nós, divididos em dois subgrupos temáticos: 1) textos-ponte e 2) textos dos 15 anos.  Todavia, a fim de dar corpo à análise, bem como às relações entre os discursos em circulação na comunidade (que ressoam uns nos outros), trazemos à tona algumas das outras materialidades que compuseram o corpus da pesquisa.
No primeiro subgrupo, a nomeação textos-ponte remete à recorrência nominal  mais acentuada: em 25, do total de 30 textos, ‘ponte’ foi rememorada como conquista da qual os autores foram partícipes. É destaque também nesses textos a repetibilidade do nome ‘comunidade’ colocada em jogo com ‘eu’, ‘eles’ e ‘nós’, como agentes de sentidos desencadeados por práticas em torno das nomeações: abaixo-assinado, protesto, passeata, manifestação etc. Este subgrupo de textos foi o eixo norteador da análise, constituindo a maior parte dos recortes, pois possibilitaram estabelecer relações que trazem à tona o modo tenso da história de constituição do discurso na comunidade, ao se considerar que a comunidade é originária de uma mobilização liderada por um movimento social pró-moradia e demandas sociais em torno dessa reivindicação, que a escola onde esses textos são produzidos foi a primeira a se estabelecer na ocupação e corporifica um discurso libertário que faz ressoar as reivindicações da comunidade, e ainda que os sujeitos que se inscrevem/são tomados por essa discursividade, em sua maioria, cresceram/viveram/participaram na/da história de constituição da comunidade.
Mesmo que, orientando-nos por uma escolha de caráter analítico-metodológico, o primeiro subgrupo denominado textos-ponte tenha sido o foco de nossa análise, levamos em conta o processo de constituição (da memória interdiscursiva) desses dizeres, atrelado ao seu modo de formulação (às condições de produção e circunstâncias específicas de enunciação), além de seu modo de circulação (cf. ORLANDI, 2005) na cidade, na comunidade. Dessa forma, são imprescindíveis outras materialidades textuais para estabelecermos as relações entre os saberes