Revista Rua


Vagabmundear pensamentos - ciência e loucura e arte
Vagabond thinking - science and art and madness

Susana Oliveira Dias

que o problema também era não (se) perder, atingir o momento em que não mais pudéssemos distinguir o salvar e o perder.
Escrita saiu dali com um intenso desassosego após experimentar aquela curva poética e ouvir os gritos dos signos-intensidades lançados ao vento, palavras que escolhem um destino Incerto, que clamam por uma Involução revolucionária. “Ópios, édens, analgésicos. Não me toquem nessa dor. Ela é tudo que me sobra. Sofrer vai ser a minha última obra. Ela é tudo que sobra. Viver vai ser a nossa última obra”[2]. Murmurava várias e várias vezes: o Poeta só podia mesmo ficar Fora da cidade… o Poeta só podia mesmo ficar Fora… o Poeta só podia… o Poeta só… o Pó… Deserto na representação. Reduzida a pó, Escrita era levada pelos fluxos de ventos, águas, cores, sensações... Perdia os contornos, as definições, as orgãonizações... atingia uma espécie de estado embrionário, larvar, em que sabe-se lá o que vai dar...
            Pó. Vento. Fragmentos dispersos.
            O tempo da luta experimentava uma dispersão sem precedentes, imaginava Escrita ao encontrar eduardo pellejero (2009, p.135-160).
 
Cena 3 – Narradores de Café – cecília giannetti e christiano menezes (2007)32]
           
Ironicamente é Câmera – que manipula um engenheiro pertencente à equipe responsável pela construção da barragem que inundará o Vale – quem produz o filme-livro-reportagem-documentário que enaltece o homem nas entranhas das faces marcadas pelo tempo, que lamenta e exalta as memórias em relatos emocionados do vivido e que


[12 Dor elegante de Itamar Assunção e Paulo Leminski.
[3]Imagem do livro: GIANNETTI, Cecília Barboza. (2007). Lugares que não conheço, pessoas que nunca vi. Ilustrador Christiano Menezes. Rio de janeiro: Agir.