Revista Rua


A patrimonialização do cotidiano: desafios para as políticas públicas
The diurnal heritage: challenges for public policies

Fabíola Rodrigues

 

Art. 2º - A paisagem cultural é o meio natural ao qual o ser humano imprimiu as marcas de suas ações e formas de expressão, resultando em uma soma de todos os resultantes da interação do homem com a natureza e, reciprocamente, da natureza com o homem, passíveis de leituras espaciais e temporais (CARTA DE BAGÉ, 2007).
 
Isso porque a área onde hoje se encontra a Torre do Castelo compunha uma antiga fazenda cafeeira, a Fazenda Chapadão, uma das primeiras na cidade a ser objeto de parcelamento e loteamento urbanos, em período contemporâneo à confecção do Plano de Melhoramentos Urbanos e à construção da caixa d’água-mirante – popularmente conhecida como Torre do Castelo – que sintetizava suas pretensões modernistas.
De fato, a Torre do Castelo, de uma perspectiva puramente arquitetônica, é um edifício muito despojado, simples, com altura hoje relativamente insuficiente para cumprir com sua função de belvedere (há, mesmo no seu entorno mais imediato, edifícios com altura superior, que prejudicam a vista que o edifício oferece da cidade), mas cujo tombamento se amparou na extrema significação simbólica desse bem, que foi erguido como símbolo da modernidade que o Plano de Melhoramentos Urbanos (conhecido pela alcunha de “Plano Prestes Maia”) pretendia conferir à cidade, dotando-a de avenidas largas, de trânsito rápidas, ciosamente planejadas, que já prenunciavam a primazia do automóvel, de seu ritmo e de suas necessidades na definição do desenho urbano (RIBEIRO, 2007; RODRIGUES, 2008).
Figura 02. Vista aérea do Jardim Chapadão, vendo-se ao centro a Torre do Castelo
 e ao seu redor as diretrizes viárias propostas pelo Plano de Melhoramentos Urbanos.
Fonte: Acervo da Biblioteca Municipal de Campinas, 2008.