Revista Rua


A fábula da origem
The fable of the origin

Renato Salgado de Melo Oliveira

“Seu pai é o espelho, sinto muito, mas já estava na hora da senhorita saber”. Espelho? Como assim, ele ficou louco?, pensa. “Mas que espelho?” – pergunta – “O aliado da bruxa má”. Era um absurdo, seu pai estava morto – o dragão verde – você o interroga sobre isso. “Na verdade pensamos que ele estava morto mesmo, quando Eliot foi transferido para o zoológico da Cidade, ele esbarrou em um espelho e o quebrou, pensamos ser o seu pai, estávamos errados, e Eliot apenas ganhou sete anos de azar, pobre dragão”. Você não sabe o que pensar... o espelho, vivo, era seu pai... muita coisa para um dia. “Como posso encontrar ele?”, o Lenhador olha para baixo e diz: “Desde que a bruxa má foi eleita como deputada federal o Espelho ficou desempregado, andou vagando por aí e por isso pouco se fala dele. Nos últimos anos, ouvi dizer que ele anda fazendo bicos em banheiros de uso público, fim miserável para um espelho tão importante, se você sair por aí perguntando para os espelhos no banheiro talvez o encontre, é tudo o que sei”. Você termina de beber o suco e agradece, sem saber o que fazer exatamente, ao te acompanhar até a porta ele fala: “Boa sorte com a sua busca, pergunte por aí, pelos espelhos, sei que ele tem uns parentes vivos na Cidade, mas não os conheço. Para invocá-lo é necessário começar dizendo com firmeza: ‘espelho, espelho meu...’ boa sorte... filha do espelho”.
 
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            Todos da vila já perderam a conta de quantas vezes os pais (pai e madrasta) de João e Maria os “esqueceram” no bosque alegando não ter dinheiro para sustentar as crianças. Se alguém sabia encontrar o pai era ela. Você esclarece a sua situação para amiga, conta até mesmo da Cidade esperando desperta alguma simpatia nela. Tudo o mais rápido possível, pois ninguém suporta escrever no MSN por muito tempo. Depois de alguns segundo ela lhe manda um