Revista Rua


A fábula da origem
The fable of the origin

Renato Salgado de Melo Oliveira

outros) sobre a busca de uma origem tão apaziguada no senso comum, a origem de uma personagem de um ordinário conto infantil.
 
Terceira fábula:
            O macaco estava tentando abrir o coco. Suas mãos agarravam uma grande pedra que socava deselegantemente no fruto caído no chão. Vez ou outra o coco escapava e rolava ladeira abaixo. O macaco começou a se enfezar, olhava para o fruto verde em sinal de desafio. Decidiu usar toda a sua força, afinal era uma questão de reino, e não ficaria bem apanhar para um desses seres de reino inferior. Concentrou-se, levantou a pedra o mais alto que pôde, e com toda a firmeza de seus músculos efetivou o golpe. Certeiro. A reação do coco fora imediata, se fez de mola e devolveu a pedra toda a força do macaco. A pedra voou. Por obra do acaso, acertou em cheio a cabeça de um cervo que corria desesperadamente nas proximidades, o golpe foi fatal. O macaco foi em busca de sua pedra, e logo em seguida chegou o leão. “Ele é a minha presa”, rugiu o monarca. “Seria se o senhor o tivesse matado, o que não foi o caso, ele me pertence”, não quis deixar de perder a chance de uma disputa o bobo da corte. “Isto é um absurdo, não comes cervos”. “Essa não é questão, fundei a morte dele e por isso tenho direito sobre seu corpo”. “Não és ninguém para fundar nada! Sou de estirpe nobre, e tenho por direito de sangue e dever real a morte e a caça dos cervos, sai de meu caminho, ou executarei meu direito”. “Como um ser tão nobre não respeita o direito de primazia? O mesmo direito que concede legitimidade a sua estirpe”. “Primazia de quê?”. “De ter fundado a morte do cervo, fui o primeiro que o matou, antes de mim ninguém o fez, por isso tenho o direito de fundador”. “O que quiseste dizer com isso?”. “Absolutamente nada, afinal é o que todos esperam de uma fábula certo? Um querer dizer, uma moral, no fim tudo isso é apenas efeito de nossas palavras senhor leão”.
 
Desenvolvimento em duas fábulas, um presente do macaco para o leão e a bibliografia
Primeira fábula – “o cientista e o estudante”.
 
            Ele sabia que deveria ter aceitado a proposta do Lobo: cerveja e sinuca ao invés de aula. Porém o número de faltas já anunciava uma tragédia e não estava disposto a fazer aquela matéria novamente. Aquele professor era um louco, desde que decidiu descobrir as origens de Chapeuzinho Vermelho transformou todas as suas aulas em uma autorreflexão sobre o tema que vinha estudando. As palavras do sábio cientista